Quando a missão Lucy da Nasa passou por seu primeiro asteroide esta semana, suas câmeras capturaram uma surpresa.
A espaçonave Lucy passou próxima ao pequeno asteroide Dinkinesh, localizado no principal cinturão de asteroides do nosso sistema solar, entre as órbitas de Marte e Júpiter.
Mas o que os astrônomos pensavam ser um asteroide é, na verdade, um par binário de rochas espaciais.
Hal Levison, cientista planetário norte-americano do Southwest Research Institute, afirmou que Dinkinesh, que significa “maravilhoso” na língua amárica da Etiópia, “realmente fez jus ao seu nome”.
“Isso é maravilhoso”, disse Levison. “Quando Lucy foi originalmente selecionada para voar, planejávamos sobrevoar sete asteroides. Com a adição de Dinkinesh, duas luas de Troia e agora este satélite, aumentamos para 11.”
Os astrônomos tiveram as primeiras dicas de que Dinkinesh poderia ser uma dupla quando o conjunto de instrumentos de Lucy detectou mudanças no brilho nas semanas que antecederam a aproximação da espaçonave, na quarta-feira (1º).
O que a dupla Dinkinesh pode revelar
A equipe da missão acredita que o maior asteroide tem 805 metros de largura e a menor rocha espacial cerca 220 metros de largura.
A espaçonave Lucy chegou a 425 km da superfície do asteroide durante sua maior aproximação, na tarde de quarta.
A aproximação foi projetada para ajudar a espaçonave a testar seu conjunto de equipamentos, incluindo seu sistema de rastreamento, que a permite localizar autonomamente a rocha espacial e mantê-la à vista enquanto voa a incríveis 4,5 km/s.
“Esta é uma série impressionante de imagens. Elas indicam que o sistema de rastreamento funcionou conforme planejado, mesmo quando o universo nos apresentou um alvo mais difícil do que esperávamos”, disse Tom Kennedy, engenheiro de orientação e navegação da Lockheed Martin – empresa parceira da Nasa na missão.
“Uma coisa é simular, testar e praticar”, acrescentou Kennedy. “É completamente diferente ver isso realmente acontecer.”
Os dados coletados durante o sobrevoo também oferecerão informações sobre os pequenos asteroides, proporcionando uma comparação com outros que missões anteriores da Nasa observaram.
“Sabíamos que este seria o menor asteroide do cinturão principal já visto de perto”, disse Keith Noll, cientista do projeto Lucy no Goddard Space Flight Center da Nasa, em Greenbelt, no estado norte-americano de Maryland.
“O fato de serem dois torna tudo ainda mais emocionante. Em alguns aspectos, estes asteroides parecem semelhantes aos asteroides binários próximos da Terra, Didymos e Dimorphos, que o Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo [Dart, na sigla em inglês] viu, mas existem algumas diferenças realmente interessantes que iremos investigar.”
Em setembro de 2022, a missão Dart da Nasa colidiu intencionalmente com Dimorphos, uma pequena lua que orbita o asteroide próximo da Terra, Didymos, para demonstrar a tecnologia necessária para alterar a trajetória de uma rocha espacial.
Preparando-se para futuros sobrevoos
Os dados coletados durante o sobrevoo da missão Lucy continuarão a retornar à Terra durante a próxima semana.
Estas informações ajudarão a equipe da missão a preparar-se para os futuros voos rasantes de asteroides da sonda, incluindo um encontro próximo com outro asteroide do cinturão principal, chamado Donaldjohanson, em 2025.
O principal objetivo da missão Lucy é explorar os enxames de asteroides troianos de Júpiter, que nunca foram examinados.
Os asteroides troianos, cujo nome vem da mitologia grega, orbitam o Sol em dois enxames: um na frente de Júpiter, o maior planeta do nosso sistema solar, e outro atrás dele.
Até o momento, as principais visões dos cientistas sobre os troianos têm sido em grande parte representações artísticas ou animações, porque as rochas espaciais estão muito distantes para serem vistas em detalhe com telescópios.
A espaçonave Lucy fornecerá as primeiras imagens de alta resolução da aparência desses asteroides.
Ela está programada para chegar aos asteroides de Troia em 2027. Cada um dos asteroides pelos quais Lucy voará difere em tamanho e cor.
A missão toma emprestado o nome do fóssil Lucy, os restos mortais de um antigo ancestral humano descoberto na Etiópia em 1974.
O esqueleto ajudou os pesquisadores a reconstruir aspectos da evolução humana, e os membros da equipe Lucy esperam que sua missão alcance um feito semelhante em relação à história do nosso sistema solar.
Existem cerca de 7.000 asteroides troianos e o maior tem 257 km de diâmetro.
Os asteroides são como fósseis, representando o material restante após a formação de planetas gigantes em nosso sistema solar, incluindo Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
A missão ajudará os investigadores a recuar no tempo para aprender como o sistema solar se formou há 4,5 bilhões de anos e descobrir como os planetas acabaram nas suas localizações atuais.
Créditos: CNN.