Nesta sexta, 3 de novembro, o líder do grupo terrorista Hezbollah, Hassan Nasrallah (foto), proferiu um discurso para os membros da organização no sul de Beirute, no Líbano. Nasrallah afirmou que acabar com a guerra na Faixa de Gaza e garantir uma vitória do Hamas estão entre os seus principais objetivos. Mas o chefe terrorista não declarou uma guerra aberta contra Israel. Só disse que “todas as opções estão abertas“.
Os discursos de Nassrallah sempre causam apreensão porque o Hezbollah é um grupo muito mais perigoso que o Hamas, que matou 1.400 israelenses em 7 de outubro. Eis algumas características do grupo terrorista xiita libanês que o tornam mais temeroso:
Arsenal gigante
O Hezbollah tem 150 mil foguetes e mísseis de longo alcance, um arsenal dez vezes maior que o do Hamas no início da atual guerra contra Israel. Entre eles, há centenas de mísseis de precisão, que foram doados pelo Irã. Eles podem ser programados para alvos específicos, como usinas de energia, portos e bases militares. Além de serem em um número muito maior, esses mísseis pegariam o sistema de defesa aéreo de Israel, o Domo de Ferro, com poucos projéteis, já que a guerra com o Hamas já tem quase um mês. O Hezbollah também tem um um sistema de defesa antiaéreo, o que o protege de bombardeios de caças israelenses.
Subserviência ao Irã
O Hezbollah é mais subordinado à teocracia iraniana que o Hamas. O grupo palestino é sunita, surgiu de um braço da Irmandade Muçulmana, do Egito, e recebia ajuda de países árabes, como a Arábia Saudita. Já o Hezbollah é xiita e teve ajuda da Guarda Revolucionária do Irã desde a sua fundação. Com isso, as ordens de Teerã nunca são contestadas. Para o Irã, que financiou e treinou esse grupo ao longo de todos esses anos, o Hezbollah, posicionado poucos quilômetros ao norte de Israel, tinha a função de ameaçar uma retaliação a Israel no caso de um ataque ao Irã. A relação estreita com o Irã traz bons dividendos. O ministro de Defesa de Israel, Yoav Gallant, calcula que o país envia 700 milhões de dólares ao Hezbollah todos os anos.
Raio de ação global
O Hezbollah alcança lugares do mundo em que o Hamas não chega. O grupo realizou dois atentados em Buenos Aires, na embaixada israelense em 1992 e na Associação Mutual Israelita, Amia, em 1994. Além disso, tem forte presença na área da Tríplice Fronteira. Um dos autores do atentado à Amia, por exemplo, vivia na cidade brasileira de Foz do Iguaçu.
Terroristas muito bem treinados
Quando o Hamas conseguiu se infiltrar em Israel, no dia 7, analistas rapidamente apontaram que isso provavelmente foi possível com treinamento e ajuda do Hezbollah. Foi o grupo libanês também que ajudou no desenvolvimento de foguetes melhores para o Hamas. Se os terroristas palestinos somam 44 mil terroristas, o Hezbollah conta com 100 mil, sendo que muitos têm experiência em combate. Com a recusa dos sunitas do Hamas em ajudar o ditador sírio Bashar Assad a reprimir a população após a Primavera Árabe, foi o Hezbollah que mandou seus soldados para morrerem como mártires na Guerra da Síria.
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