O Estado de S. Paulo voltou a criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. Em editorial publicado nesta sexta-feira, 3, o jornal mira especialmente a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) imposta pela dupla, na quarta-feira 1º.
Conforme o Estadão, é uma medida populista recorrer à GLO para combater o tráfico de drogas e de armas nos Portos de Santos, do Rio de Janeiro e de Itaguaí e nos aeroportos do Galeão e de Guarulhos. A operação seguirá até maio de 2024, com a participação de 3,7 mil militares.
“Segurança pública é coisa séria”, lembra o editorial. “Exige conhecimento do problema, planejamento, responsabilidade e respeito às competências institucionais e às habilidades funcionais dos diversos órgãos de Estado.”
De acordo com o jornal, o presidente da República parece preferir outro tipo de medida, baseada exclusivamente em cálculo político-eleitoral. “Sem enfrentar as causas, simula alguma proatividade e, para piorar, ainda envolve os militares”, observa. “É pedir, por decreto, para dar errado.”
A estatura moral e cívica de Lula
O Estadão afirma que o envolvimento das Forças Armadas na segurança pública é um equívoco institucional e funcional. E recorda de um argumento do próprio Lula para não recorrer à GLO em outros momentos: os militares têm vocação para outras tarefas, não para lidar com a bandidagem.
“Colocar os militares para combater o crime organizado é uma resposta amadora, completamente antiprofissional”, constata o jornal. “Para piorar, a medida transmite uma mensagem errada à população, como se coubesse a militares cuidar da segurança pública.”
O Estado de S. Paulo atribui a Lula a responsabilidade pela implantação da GLO. É com esse tipo de medida, segundo o jornal, que o presidente “reitera uma vez mais sua estatura moral e cívica”.
“Diante de um problema gravíssimo, que afeta direitos fundamentais da população, ele opta por uma solução populista e sabidamente ineficaz”, salientou o Estadão. “É um simulacro de governo. Fingindo preocupar-se com a população, ocupa-se apenas de si mesmo.”
O ministro da Justiça e Segurança Pública também se transformou em alvo de críticas. Para Estadão, a implantação da GLO desmoraliza Dino e o torna conivente com tal decreto. O maranhense teria descumprido suas duas principais atribuições: zelar pelo cumprimento da Constituição no âmbito da administração federal e prover políticas de segurança pública responsáveis.
“A excepcionalíssima Garantia da Lei e da Ordem pelas Forças Armadas, prevista no art. 142 da Constituição, não tem nenhuma relação com colocar militar em portos e aeroportos para combater o crime organizado”, resume o jornal. “É esse o ministro cotado para o Supremo?”
Revista Oeste