O Departamento de Defesa dos Estados Unidos anunciou na sexta-feira, 27, que o país irá desenvolver uma variante moderna da bomba nuclear B61, designada B61-13. Especialistas afirmam que o armamento, que depende ainda de aprovação do Congresso para ser produzido, tem potencial destrutivo mais de 20 vezes maior do que a bomba de Hiroshima, que matou 140 mil pessoas no Japão.
“O anúncio de hoje reflete um ambiente de segurança em mudança e ameaças crescentes de adversários potenciais”, disse o secretário adjunto de Defesa para Política Espacial, John Plumb. “Os Estados Unidos têm a responsabilidade de continuar avaliando e colocar em prática as capacidades que precisamos para dissuadir de forma crível e, se necessário, responder a ataques estratégicos, e assegurar os nossos aliados.”
De acordo com o comunicado do Pentágono, a B61-13, que é uma bomba gravitacional, é projetada para ser solta por uma aeronave e dará capacidade aos Estados Unidos para atingir alvos militares “maiores e mais difíceis”. O departamento afirmou que, embora represente “flexibilidade adicional” ao país, a produção do B61-13 não aumentará o número total de armas do arsenal nuclear, já que substituirá alguns dos B61-7 do atual arsenal nuclear.
A nova bomba — se obtiver a permissão necessária do Congresso — tenderá a uma potência de 360 kilotons, diante dos 16 que estalaram sobre Hiroshima há 78 anos.
Bomba atômica lançada em Hiroshima, no Japão, em 1945 era conhecida como Little Boy. O armamento matou 140 mil pessoas. Foto: Naval History and Heritage Comma / via REUTERS
Crítica: “ato arrogante”
A Campanha Internacional para Abolir as Armas Nucleares (Ican) demonstrou preocupação com o anúncio e descreveu o projeto do novo armamento como “uma escalada irresponsável”. “Anunciar esses planos em meio a conflitos na Europa e no Oriente Médio, nos quais participam países com armas nucleares, é um ato arrogante frente aos esforços para que essas armas de destruição massivas não fossem usadas”, disse Melissa Parke, diretora-executiva da associação.
Em comunicado, os Estados Unidos afirmaram que a iniciativa segue “meses de revisão e de consideração” e que a nova arma não é uma resposta “a nenhum evento atual em específico”.
A decisão de construir o B61-13 possibilitará que o Pentágono aposente o B83-1, a última arma com capacidade de megatons no arsenal dos EUA que estava programada para ser aposentada no governo de Obama. Trump, porém, em sua gestão, defendeu que a arma ainda era necessária e deveria ser mantida, e a administração de Biden, por sua vez, tomou como missão substituir o armamento.
Alguns especialistas apontam que a construção do B61-13 parece ser muito mais um movimento político para finalmente se livrar da B83-1 do que propriamente um reforço ou uma renovação do arsenal. A manutenção da B83-1, que tem capacidade de 80 bombas de Hiroshima, tem um custo alto para os Estados Unidos, o que pode comprometer outros programas militares considerados mais importantes para o país.
Estadão/Com EFE.