No final de 2022, quando assumiu a Diretoria-Geral da Agência Nacional de Mineração, a ANM, o servidor Mauro Sousa adotou um discurso conciliador. Prometeu uma instituição “em que o individual não prevaleça sobre o institucional”. Quase um ano depois, o que se vê é o oposto: um sujeito que controla todas as pautas, exonerações, indicações e editais sem qualquer participação dos demais integrantes da Diretoria Colegiada. Na prática, é como se a ANM fosse uma propriedade particular de Mauro Sousa. Ele virou o dono da agência.
Sousa chegou ao cargo após uma manobra de empresas e lobistas que atuam no setor. Foi indicado ainda no governo Jair Bolsonaro. Contou com a ajuda de políticos ligados ao ex-presidente para ser aprovado no Senado. Além dele, a ANM tem quatro diretores e um secretário-geral.
No dia 11 de outubro, durante uma reunião pública de diretoria, Sousa mostrou seus pendores autoritários. Nela, um dos diretores aproveitou a oportunidade para tentar dar mais transparência à ANM – hoje uma caixa preta. Disse que ele e os demais integrantes da diretoria haviam encaminhado uma determinação para que o secretário-geral sorteasse um relator para um processo administrativo, com o objetivo de mudar o regimento da agência. A alteração conferiria mais visibilidade pública aos atos da ANM.
Sousa negou o pedido. Nervoso, falou que o assunto era indevido para o momento em questão. Mesmo quando quatro dos cinco integrantes da diretoria tentaram mudar o regimento, fazendo com que “o individual não prevaleça sobre o institucional”. Nada disso parece importar para o diretor-geral da ANM. Ele está determinado a conduzir a agência sozinho, pautando os assuntos lhe convierem e travando os temas que lhe desagradarem. A mineração brasileira está à mercê dos caprichos de Mauro Sousa.
O Bastidor