Um médico proctologista de 63 anos teve prisão decretada contra ele sob acusação de estuprar ao menos quatro pacientes, duas delas após cirurgias de hemorroida. Paulo Augusto Berchielli teria cometido os abusos em sua clínica, no Tatuapé, São Paulo.
Uma das vítimas trata-se de uma enfermeira de 47 anos, que relata ter sido violentada enquanto ainda estava sob efeito de anestesia.
– Eu estava ainda grogue, por causa da anestesia. Mas lembro, em flashs, dele me colocando de bruços na maca e minha cabeça batendo na parede. Vomitei. Depois de um tempo, vi que ele limpava o pênis em uma pia ao lado da maca – contou.
A mulher diz ainda que, devido ao excesso de remédios, ela “apagou” ao chegar em casa em uma sexta-feira, e só acordou dois dias depois: no domingo. Na ocasião, ela sentia “uma dor terrível na região do ânus e da vagina” e decidiu ir à delegacia registrar um boletim de ocorrência na 5º Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), no Tatuapé.
A roupa que ela usou na clínica foi apreendida e passou por perícia. Embora o vestido tenha testado negativo para a presença de sêmen, a calcinha teve resultado positivo. Entretanto, a constatação só veio um ano e meio depois, pois a peça íntima sofreu um sumiço na delegacia.
A vítima conta ter questionado o desaparecimento da calcinha, mas ter sido “humilhada” por funcionárias do local. O reaparecimento da peça íntima ocorreu após o Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciar o médico e pedir os laudos.
“PESADELO”
Outra das vítimas – uma comerciante de 46 anos – conta que acordou com muitas dores em sua região íntima, que só passaram uma semana depois. Ela diz que em consultas após o procedimento, o médico apalpou suas nádegas e encostou a pelve dele em seu corpo. Ela relata ainda que o proctologista cortava o dedo indicador das luvas dele, possivelmente para ter contato físico entre sua pele e a parte íntima da paciente.
Ao portal R7, a mulher revelou ter acordado da cirurgia sangrando e explica que o local da cirurgia ainda infeccionou, fazendo com que ela passasse por cinco meses de tratamento.
– A sensação era de pedir a morte. Eu queria morrer. Não queria estar vivendo o que eu estou vivendo. Um pesadelo. Estou viva por um milagre. Porque ele quase me matou, quase tirou a minha vida – relatou.
A Justiça decretou a prisão do médico por tempo indeterminado, e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) está investigando o profissional, que é especialista na parte final do intestino grosso, cólon e reto.
O advogado de defesa, Daniel Leon Bialski, diz que seu cliente “sempre se pautou pela ética e respeito a seus pacientes, sendo reconhecido pela reputação ilibada conquistada ao longo dos mais de 40 anos de carreira” e que, dentre “milhares de pacientes”, não foi alvo de qualquer acusação do tipo. O advogado diz estar confiante que a inocência de Bialski será comprovada.