A conselheira de Itaipu e secretária nacional de planejamento e finanças do PT, Gleide Andrade, chamou Israel de “assassino” e criticou a reação israelense no conflito contra o Hamas em uma série de postagens na rede social X. Para Andrade, Israel é uma “vergonha para a humanidade” e “não merece ser um estado”. “Intolerância, covardia e execução do povo palestino. O estado de Israel é uma vergonha para a humanidade, quem mata criança não merece respeito, não merece ser um estado. Não sei o que é pior, a carnificina que fazem com as crianças palestinas ou anuência abjeta dos EUA”, afirmou a conselheira nas redes sociais no dia 22.
Também no dia 22, ela publicou a foto de uma criança que seria palestina e estaria supostamente na área do conflito com a seguinte legenda: “Este é um dos terroristas que o Estado de Israel está exterminando. Mais de 3 mil crianças palestinas mortas identificadas, fora tantas outras mil apodrecendo debaixo dos escombros e da crueldade dos EUA e Israel. #IsraelTerorrist #PalestinaLivre”.
“Muito importante a intervenção brasileira! Basta deste genocídio. É um crime tantas crianças palestinas mortas e órfãs! Basta do estado de Israel, Assassino! Pelo direito à vida do povo palestino!!”, postou Andrade no dia 21. A guerra teve início no último dia 7 após o Hamas conduzir um ataque sem precedentes ao território israelense. Milhares de israelenses e palestinos já morreram no conflito e cerca de 200 israelenses foram sequestrados pelo Hamas.
No dia 7, ela afirmou nas redes sociais que “o desespero de Bolsonaro é nítido, não suporta ver o Brasil crescendo e se recuperando do caos que ele deixou. Sem discurso, se lambuza na disseminação de fakenews, a última é tentar ligar Lula ao Hamas. Esquece Bolsonaro, todos sabem quem é que manda e financia miliciano no Brasil”.
“Nesta guerra entre Israel e Palestina não haverá ganhadores, qualquer vitória que implique em morte, sobretudo de civis, é uma vitória desonrada. Apoiar a guerra de qualquer lado das partes é um crime tão horrendo como soltar bomba em porta de escola… A guerra é imperdoável, no entanto é preciso ser fiel a história, sejamos palestinos por um dia: terra invadida, mulheres violentadas, direitos cassados, perseguição, dependência do usurpador, Israel, para andar, comer, beber água é mole???”, disse a conselheira de Itaipu no dia 8 de outubro.
Ela foi indicada para o cargo na estatal pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com salário de R$ 37 mil por mês, mais benefícios, em junho deste ano, informou a coluna Painel, da Folha de S. Paulo. Ao Painel, Gleide Andrade afirmou que as postagens que fez foram em defesa da vida. “Eu defendo vidas, vidas de crianças e mulheres e civis. Não sei o que você sente quando vê aquelas crianças sendo bombardeadas, mas eu sou mãe, sou cristã e sou uma defensora incansável do direito à vida… No meu propósito cristão sempre defenderei a paz, o amor e o respeito à dignidade humana. Não há justificativa para matar crianças de nenhum dos lados”, afirmou.
Na semana passada, o jornalista Hélio Doyle foi exonerado da presidência da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) por compartilhar uma mensagem nas redes sociais que chama os apoiadores de Israel de “idiotas”. Após a demissão de Doyle, Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, determinou aos servidores tenham “responsabilidade com qualquer declaração, qualquer atitude” que possa soar contra as posições do governo sobre a guerra entre Israel e o Hamas.
Em nota, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) manifestou “seu profundo repúdio e desgosto pelas manifestações” de Gleide Andrade. A entidade considerou as declarações antissemitas. “Foi uma fala antissemita, que não deve ter lugar no Brasil. Não se pode tolerar esse tipo de discurso, ainda mais vindo de pessoa em tão alta posição oficial”, diz o comunicado.
“Causa espanto também não haver em sua fala menção alguma ao pior ataque contra os judeus desde o Holocausto, executado pelo grupo terrorista Hamas, que resultou na morte de 1.400 pessoas, estupros em massa de mulheres indefesas, morte de dezenas de crianças e bebês, e o sequestro de mais de 200 pessoas, de mais de 20 nacionalidades”, afirmou a Conib.
Gazeta do Povo