O Vaticano anunciou nesta terça-feira (24) a renúncia de um bispo cuja diocese, no sul da Polônia, foi palco de uma orgia envolvendo um garoto de programa no mês passado. Em comunicado, a instituição afirma que o papa Francisco aceitou que Grzegorz Kaszak se retire do comando da diocese de Sosnowiec.
Não há menção, porém, ao motivo para a saída do cargo. A idade regular de aposentadoria para bispos é de 75 anos, e Kaszak tem 59, segundo o jornal britânico The Guardian.
A diocese que Kaszak dirigia chamou a atenção da mídia local depois que um de seus padres passou a ser alvo de uma investigação criminal. Segundo relatos, o religioso estava em uma orgia que havia organizado seu apartamento quando um dos presentes passou mal em consequência de uma overdose de Viagra.
Quando paramédicos tentaram entrar no local para ajudar a pessoa, o padre teria tentado barrá-los. Ele foi então acusado pelas autoridades de recusar assistência a alguém cuja vida está em risco.
“O padre e outros dois laicos cometeram uma violação muito grave das normas morais, que a Igreja não tolera e condena com veemência. O incidente virou um motivo de grande escândalo para os fiéis e de justificada indignação pública”, afirmou o site oficial da diocese.
A imprensa da Polônia, um país de grande tradição católica, citou outros dois escândalos na mesma diocese.
No primeiro deles, o diretor de um seminário local supostamente foi flagrado fazendo sexo em uma boate gay. Em um incidente paralelo, um padre supostamente matou um diácono 20 anos mais jovem antes de se jogar debaixo de um trem.
Em janeiro, o Vaticano havia aberto uma investigação para apurar um caso semelhante àquele que levou o padre polonês à renúncia, ocorrido no Reino Unido. Segundo o jornal britânico Sunday Times, um dos padres de uma diocese no país teria convidado fiéis para uma festa privada em seus aposentos durante a pandemia, quando igrejas interromperam a maior parte de sua programação e aglomerações foram proibidas.
O religioso em questão era responsável pela catedral de Newcastle, no noroeste do território britânico, desde 2019. Ele se suicidou em abril de 2021, aos 57, quatro dias após saber que era alvo de um inquérito por abuso sexual de menores.
Os casos de abusos envolvendo religiosos são recorrentes, e o papa Francisco já expressou indignação contra abusadores na Igreja Católica. No ano passado, chegou a anunciar medidas para coibir casos de violência sexual, como uma norma que obriga membros do clero a denunciar suspeitas de violência sexual às autoridades eclesiásticas. Ele também aboliu o segredo pontifício sobre casos de pedofilia.
Folha de SP