A Venezuela anunciou que realizará um referendo no dia 3 de dezembro para decidir sobre a anexação da região de Essequibo, um território atualmente pertencente à Guiana.
O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, anunciou que consultará a população venezuelana para determinar se concordam ou não com a reivindicação do território disputado com o país vizinho. O terrítório faz parte da Margem Equatorial, lugar que “jorra” petróleo.
A decisão de realizar o referendo surgiu após uma reunião entre Rodríguez e Elvis Amoroso, presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela. Os venezuelanos veem a possível anexação como uma “reunificação pacífica” dos territórios.
A região de Essequibo, que abrange mais de 160 mil quilômetros quadrados, representa 70% do território total da Guiana. A Venezuela defende que a área era parte de seus territórios durante o período colonial. Em 1899, o Império Britânico assumiu a soberania sobre Essequibo, e depois da independência, a região passou a fazer parte da Guiana.
A Organização das Nações Unidas (ONU), em uma decisão de 1962, reconheceu o território como pertencente à Guiana. Apesar disso, a Venezuela continua a contestar essa decisão. Vale destacar que a região de Essequibo é rica em petróleo e é de grande importância para a economia da Guiana.
Motivações da Venezuela
Vale ressaltar que a Margem Equatorial, apelidada até mesmo como novo pré-sal brasileiro, tem se mostrado uma fonte promissora de descobertas de petróleo para a Guiana. A Guiana foi pioneira ao descobrir petróleo nessa região em 2015, através da empresa norte-americana ExxonMobil.
Desde essa descoberta inicial, houve diversos anúncios de novas reservas de petróleo, e atualmente, a Guiana possui reservas que totalizam 11 bilhões de barris. Esse volume representa cerca de 75% das reservas totais de petróleo do Brasil, que são de 14,8 bilhões de barris, contando com as descobertas no pré-sal.
A região de Essequibo, desejada pela Venezuela, encontra-se na Margem Equatorial e é o centro da disputa que vai ser discutida em dezembro deste ano. Nesse sentido, a Margem Equatorial é uma extensa região marítima que vai da Guiana até o estado do Rio Grande do Norte no Brasil.
A Guiana, por sua vez, iniciou sua produção de petróleo em 2019 e hoje tem uma produção diária de 375 mil barris de óleo equivalente. A ExxonMobil, uma das principais empresas atuantes na área, planeja aumentar essa produção para 1,2 milhão de barris por dia até 2027.
No lado brasileiro, embora haja um grande potencial, a exploração tem sido desafiadora devido a questões de licenciamento ambiental. A região brasileira da Margem Equatorial abrange várias bacias sedimentares, e dos 42 blocos já concedidos pela ANP, espera-se que 11 recebam grandes investimentos nos próximos cinco anos.
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