A primeira audiência sobre a morte da mulher que morreu após comer bombons envenenados, no Rio de Janeiro, começou a ouvir testemunhas, nesta sexta-feira (20), entre elas pessoas ligadas à vítima que confirmaram que Lindaci Viegas recebeu ameaças antes do crime.
A ré Susane Martins da Silva foi presa, em maio deste ano, durante as investigações da polícia. Ela é acusada de ter enviado o chocolate envenenado, acompanhado de um buquê de flores, no dia do aniversário da vítima, motivada por ciúme do ex-namorado, que teve um relacionamento no passado com Lindaci.
A primeira testemunha a ser ouvida, Lenice Viegas Batista, irmã da vítima, disse ter conhecimento das ameaças que Lindaci recebia. Ela afirmou que a acusada era ciumenta, apesar de a irmã já não ter mais envolvimento com Mário Sérgio Gravital, na época do crime.
O filho mais novo de Lindaci, de 16 anos, afirmou que a mãe já havia comentado com ele sobre ameaças que teria sofrido de outra mulher, que ele não sabia quem era.
No dia do ocorrido, ele disse que a vítima chegou a lhe mandar uma mensagem com foto das flores e dos bombons, perguntando se tinham sido enviados por ele no meio da tarde, mas, como o celular dele havia descarregado, só viu mais tarde.
O rapaz acrescentou ainda que chegou a experimentar um pedaço pequeno do chocolate quando chegou ao hospital para onde a mãe foi levada e estranhou pela textura. Ele suspeitou que tivesse com chumbinho e avisou sobre a desconfiança.
Ex-namorado da acusada e da vítima, Mário Sérgio Gravital contou que conhecia Lindaci há muitos anos e se tornou amigo dela após o término do relacionamento amoroso.
Já o namoro de cerca de um ano e meio com Susane acabou em novembro de 2022, após a mulher ter ficado enfurecida com uma mensagem de Lindaci, que havia pedido para pegar algumas coisas dela que ainda estariam na casa dele.
Mário Sérgio acrescentou que, neste dia, a acusada quebrou o aparelho e pegou o chip para acessar as redes sociais dele, tendo feito diversas postagens com o perfil dele e ligado para contatos de sua agenda.
O homem relatou ainda que Susane teria se autolesionado e o acusado de agressão, o que levou à prisão dele no final de 2022. Ele voltou a ser detido, entre abril e maio de 2023, porque a ré teria clonado o celular dele e feito ameaças em nome dele dirigidas a ela e ao filho por uma rede social.
Mário Sérgio também contou que Lindaci havia lhe informado sobre as ameaças que sofria de Susane, mas que tanto ele quanto a vítima acreditavam que “eram da boca para fora”.
Entregador que levou bombons e buquê disse que acusada o procurou
O motoboy Lucas David Bernardes Borges contou ter recebido R$100 de um jovem, para realizar a entrega de um buquê de flores e bombons em Vila Isabel, na zona norte do Rio.
“O local era uma vidraçaria. Como Lindaci não estava, deixei com um senhor. Não cheguei a encontrá-la pessoalmente. Na segunda-feira à noite, comecei a receber ameaças por telefone. Na terça-feira de manhã, eu vi a reportagem na televisão, liguei os fatos e fui à delegacia”.
Ao sair da delegacia em companhia dos policiais em busca de câmeras de segurança próximas ao seu local de trabalho, Lucas se deparou com Susane Martins, que o aguardava. A mulher foi contida por mototaxistas, colegas dele, que a reconheceram pelas imagens.
“Ela chegou procurando o Lucas e dizendo que queria comprar um celular novo para ele. Achei estranho, ela tremia, estava muito nervosa. Pedi para ela aguardar e fui à padaria próxima, em busca de imagens das câmeras de segurança. Vi, nas gravações, ela dentro do carro, enquanto o rapaz entregava os objetos para o Lucas entregar. Seguramos ela até a chegada do Lucas e dos policiais”, explicou Daniel do Carmo, um dos mototaxistas que estavam no local.
Família diz que Susane fazia uso de medicação para depressão
Primo da ré, Paulo Sérgio da Silva contou que soube pela televisão que Susane era suspeita do crime. Ele disse que ela era uma pessoa que convivia bem em sociedade e que soube pela mãe de Susane que ela fazia uso de medicação para depressão e nervosismo.
Também prestaram depoimentos o policial civil Fernando Henrique Fonseca e os amigos da acusada, Roberta Kelly e Luiz Augusto da Silva. Os amigos disseram que Susane sofre de depressão desde a adolescência e que vivia um relacionamento conturbado com Mário Sérgio.
A próxima audiência de instrução e julgamento foi marcada para o dia 11 de dezembro, às 16h30, com previsão de ouvir mais uma testemunha de defesa e realizar o interrogatório da ré.
Créditos: R7.