A Polícia Federal (PF) investiga se quatro policiais civis, presos nesta quinta-feira durante a Operação Drake, teriam apreendido 31 fuzis de uma facção criminosa, mas formalizaram a apreensão de apenas duas armas. Na época do crime, o quarteto era lotado na Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC). Segundo o relatório de inteligência da PF, os outros 29 fuzis teriam sido vendidos pelos investigados para um grupo criminoso rival ao do bando que sofreu a ação policial.
Segundo o documento, a ação começou quando um homem do grupo foi preso e conduzido para a Cidade da Polícia, no Jacaré, na Zona Norte, onde fica a sede da DRFC. Os policiais teriam exigido R$ 500 mil para liberar o suspeito. Como não receberam o valor integral exigido, em um momento posterior, o quarteto teria arrecadado os 31 fuzis, vendendo a maioria das armas para um bando rival. Segundo o relatório, apenas dois fuzis e uma quantidade de drogas foram apreendidos oficialmente pelos agentes.
Foram presos, nesta quinta-feira, os policiais Juan Felipe Alves da Silva, ex-chefe do setor de investigações da DRFC, Renan Macedo Guimarães, Alexandre Barbosa Amazonas e Eduardo Macedo de Carvalho. Os quatro são ainda investigados pela PF por suspeita de tráfico de 16 toneladas de maconha que estavam em um caminhão, apreendido pelos agentes, e liberado posteriormente junto com o motorista do veículo.
De acordo com o documento, a liberação ocorreu mediante pagamento de propina após uma negociação com o advogado criminalista Leonardo Sylvestre da Cruz Galvão, também preso nesta manhã.
Entenda a Operação Drake
A investigação, que culminou na operação desta quinta-feira, teve início com ação integrada do serviço de inteligência da Polícia Rodoviária Federal com a PF. Em agosto deste ano, duas viaturas ostensivas da DRFC abordaram um caminhão, que veio de Mato Grosso do Sul, carregado com 16 toneladas de maconha na divisa de São Paulo com o Rio de Janeiro. Após escoltarem o veículo até a Cidade da Polícia, os agentes negociaram, por meio do advogado, a liberação da droga e a soltura do motorista, mediante ao pagamento de propina.
De acordo com a denúncia do MP, “os crimes averiguados são concretamente graves, pois se trata de denúncia envolvendo agentes públicos e advogado, como incursos na suposta prática do crime de tráfico de drogas interestadual, corrupção passiva e corrupção ativa”.
Em seguida, três viaturas ostensivas da especializada escoltaram o caminhão até os acessos de Manguinhos, na Zona Norte do Rio. No local, a carga de maconha foi descarregada pelos criminosos. A Cidade da Polícia e um dos acessos à comunidade fica a poucos metros de distância.
Créditos: O Globo.