A Venezuela realiza primárias neste domingo (22) para encontrar um rival para Nicolás Maduro em 2024.
Dez candidatos competem, informou o El País. A líder das primárias, a engenheira Maria Corina Machado, de 56 anos, está proibida de ocupar cargos públicos por 15 anos.
Ela pode concorrer nas primárias porque a oposição realiza essa votação sem apoio estatal, mas ela não poderá se registrar junto às autoridades eleitorais para aparecer na cédula da eleição presidencial.
As primárias acontecem depois que a oposição e o governo chegaram a um acordo para estabelecer garantias para que as eleições presidenciais de 2024 ocorram.
A eleição presidencial do país acontecerá no segundo semestre de 2024, afirma o acordo eleitoral, e observadores internacionais serão autorizados a monitorar a votação.
Cada lado pode escolher seu candidato de acordo com suas regras internas, mas esse acordo não reverteu as proibições já impostas a algumas figuras da oposição — incluindo Maria Corina Machado.
A oposição afirmou que as proibições, impostas pelo controlador-geral, são ilegais. O governo dos EUA rejeitou quaisquer obstáculos aos candidatos da oposição.
Mesmo assim, o governo da Venezuela foi inflexível. Jorge Rodríguez, chefe da delegação do governo, disse, em entrevista coletiva após a assinatura, que se existe uma decisão do controlador-geral da República “você não pode ser candidato, quero esclarecer isso”.
Falando antes de Rodríguez, o chefe da delegação da oposição, Gerardo Blyde, disse que o acordo poderia permitir que candidatos banidos “recuperem seus direitos”.
Como parte dos compromissos firmados, o governo da Venezuela liberou cinco pessoas que estavam presas:
O ex-deputado venezuelano Juan Requesens
O jornalista Roland Carreño, colaborador do líder político Juan Guaidó, Marco Garcés Carapaica, estudante universitário detido em 2020 por estar no mesmo veículo de um ex-marine americano;
Mariana Barreto, presa por protestar em 2019 contra irregularidades no fornecimento de gasolina
Eurinel Rincón, que era secretária no ministério da Defesa e foi acusada de traição à pátria e vazamento de informações depois de aparecer em uma foto ao lado de um político da oposição.
EUA aliviou sanções após acordo
Após o acordo eleitoral e a soltura dos presos, os Estados Unidos aliviaram temporariamente as sanções sobre o petróleo, gás e ouro venezuelanos.
Em troca, os norte-americanos pediram o fim das inabilitações de políticos e a libertação dos presos políticos na Venezuela.
Washington havia prometido que levantaria as sanções se Caracas desse passos concretos em favor de eleições livres e transparentes em 2024.
O embargo petroleiro estava em vigor desde abril de 2019 e limitava a comercialização, vital para a economia do país.
Uma segunda licença autoriza transações com a estatal venezuelana Minerven, para “reduzir o comércio de ouro no mercado informal”, informou o Tesouro.
Também foram alteradas duas licenças “para eliminar a proibição da negociação secundária de certos títulos da PDVSA”, estatal venezuelana do petróleo. A proibição da negociação no mercado primário continuará em vigor.
O presidente Maduro expressou satisfação com as medidas, anunciadas após meses de negociações nos bastidores. Com esses acordos, a Venezuela “retorna com força ao mercado de petróleo e gás, de forma progressiva”, comemorou.
Créditos: G1.