Uma reportagem especial do New York Times expõe a situação grave em que se encontra os EUA.
Com o título de “Eu moro no meu carro”, a matéria mostra que a cada dia que passa um número maior de norte-americanos tem que recorrer a viver no carro, pois não tem como pagar um local para viver, seja ele um apartamento simples ou um motel barato.
E não estamos apenas falando de pessoas em situação de desemprego não, aqueles com empregos relativamente estáveis e salários acima da média acabam tendo de recorrer aos seus veículos como local para viver.
Diante disso, prefeituras de muitas cidades estão providenciando grandes estacionamentos, com iluminação, banheiros e relativa segurança, para essas pessoas.
Nas cidades maiores de cada região, os “moradores de rua móveis” já são a maioria, ou seja, aquelas pessoas que não tem um teto, mas tem um carro para passar a noite.
Por exemplo, no King County, estado de Wanshington, 53% dos moradores de rua tem carro. E a maioria deles também tem empregos, na cidade de Denver, de 217 pessoas que passaram a noite em um abrigo governamental, 135 tinham carros.
O problema é que essas pessoas tem um salário que fica na casa dos 1.500 dólares por mês, um valor muito baixo para os EUA, pois o aluguel de um apartamento de apenas um quarto já passa dos 1.650 dólares mensais.
O jornal seguiu um mulher chamada Chrystal Audet e sua filha Cierra. Elas estava procurando um local para viver com aluguel mais barato, mas enquanto não conseguem, vivem dentro de seu Ford Fusion.
Audet tem um salário anual de 72.000 dólares, o que não é nada ruim para os padrões dos EUA hoje. Ela acabou sendo expulsa do seu apartamento por causa de uma pontuação ruim de crédito e também por gastos inesperados, como por exemplo a conta do mecânico, justamente para consertar seu Ford Fusion 2015.
Aliás, este carro lhe dá gastos altíssimos, pois por ter crédito ruim, ela paga juros de 27,99% ao ano. Até parece que estamos falando de uma taxa de juros de financiamento de carro no Brasil, de tão alto que é.
Ela paga uma prestação de 398 dólares por mês para seu carro, sendo que pessoas com score bom acabam pagando um valor similar por um carro zero quilômetro.
Contas médicas de milhares e milhares de dólares chegaram para melhorar ainda mais a situação, pois ela tem a doença de Crohn.
Dois meses se passaram sem que ela pagasse o aluguel, e então o dono de seu apartamento aumentou o valor mensal em 250 dólares. Ela foi para um hotel, mas como o valor da diária era muito alto, ela acabou fazendo um parcelamento junto à Expedia de 138 dólares por mês.
A conta do aluguel não pago veio, e ela fez um acordo de pagar 495 dólares por mês para evitar problemas maiores. Foi aí que ela não viu nenhuma solução a não ser viver no carro.
De um salário líquido de 4.300 dólares por mês, suas dívidas passam dos 2.600 dólares, então não sobra dinheiro para um aluguel.
Nós, aqui do Brasil, lendo um relato desse, certamente nos faz nos solidarizar com uma pessoa que passa por uma situação tão difícil. Mas aqui em nosso país a situação é muito pior.
Os brasileiros raramente acabam indo morar nas ruas, pois na grande maioria dos casos tem alguém para lhe ajudar. Mas uma grande parcela da população vive com muito menos, e acharia ter um Ford Fusion 2015 um luxo incrível.
Créditos: ESTADÃO.