Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, o novo secretário estadual de Polícia Civil Marcus Amim afirmou que a instituição “não precisa de babá”. A resposta foi dada ao ser questionado sobre a operação da Polícia Federal, que prendeu quatro policiais civis acusados de apreender e negociar 16 toneladas de maconha com traficantes. A “babá”, segundo ele, seria a própria corregedoria da polícia, que já faz um trabalho de fiscalização e responsabiliza os agentes.
A declaração do delegado foi feita durante a apresentação de oito metralhadoras desviadas do Exército em São Paulo, que estavam sendo negociadas com traficantes da Gardênia Azul, na Zona Oeste da cidade, que tem sido alvo de disputas entre milicianos e traficantes.
— Aplaudo, mas a Polícia Civil precisa cuidar do próprio quintal. Não precisa de babá. Fui o responsável pela operação que mais bateu em policiais corruptos e vou continuar assim como secretário — afirmou.
Armas circularam por várias favelas
Segundo as investigações da DRE, as armas do Exército circularam por várias favelas antes de serem apreendidas. Passaram pelo Complexo da Penha e pela favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, ambos na Zona Norte da cidade. Antes de serem apreendidas na Gardênia Azul, estavam na Rocinha, na Zona Sul do Rio. O carro que levava as metralhadoras na mala foi seguido pela polícia após sair da favela. Já na altura da Gardênia, os criminosos notaram a presença dos policiais da DRE e abandonaram o veículo, deixando o armamento para trás.
As armas estavam embaladas em sacos pretos de plásticos e presas com fita adesiva. O armamento foi encontrado na mala de um carro numa área da Gardênia dominada atualmente pelo tráfico e será levado para a Cidade da Polícia, na Zona Norte.
Segundo o delegado André Neves, titular do Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE), as armas ainda passarão por perícia, mas a priori todas estão operacionais, em condições de uso.
Numa rede social, o governador do Rio, Cláudio Castro, comentou a apreensão do armamento pela Polícia Civil e disse que não irá retroceder no combate ao que chamou de máfias que atuam no estado. Segundo ele, de janeiro a setembro deste ano as forças de segurança do estado apreenderam mais de 4900 armas de fogo.
Governador Cláudio Castro disse numa rede social que estado do Rio não irá retroceder no combate às máfias — Foto: Reprodução
O Arsenal de Guerra de São Paulo é o último escalão do Exército, para onde vão as armas que precisam de conserto. Se os batalhões não conseguem arrumar o armamento quebrado, ele é encaminhado para a unidade, que fica em Barueri, na Grande de São Paulo, e funciona como uma espécie de fábrica de armas.
Ao todo, sumiram do local 13 metralhadoras calibre.50 e 8 de calibre 7,62, armamentos “inservíveis” recolhidos para manutenção. Um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado para apurar as circunstâncias do crime. A investigação segue em curso e está sob sigilo.
Armamento de uso exclusivo das Forças Armadas foi encontrado na Zona Oeste do Rio — Foto: Divulgação / PCERJ
Logo depois que o sumiço foi identificado, o Exército manteve aquartelada “de prontidão” toda a tropa do Arsenal de Guerra de São Paulo, um total de 480 militares. Na última terça (17), o batalhão passou do estado de “prontidão para sobreaviso”, com a liberação de parte da tropa. Hoje, 160 militares ainda estão mantidos no local.
Segundo o GLOBO apurou, foram proibidos de sair principalmente aqueles que trabalharam nos dias 6 e 7 de setembro. Uma das possibilidades investigadas é de que o roubo tenha ocorrido no feriado de 7 de setembro, quando o quartel estava com efetivo reduzido. Um subtenente responsável por esse depósito é o mais visado pela investigação. Os militares estão sendo ouvidos.
O Globo