Cabelos castanho-escuros, olhos castanho-mel, lábios naturalmente exibidos e 1,70 m de altura. Sessenta quilos, 26 anos, cintura de derrubar a concorrência de inveja e uma beleza de reverter qualquer maré. Com essa ficha literalmente incorporada, fruto de rigor e generosidade absoluta da genética, a empresária, modelo e apresentadora de TV Maria Eugênia Mamede, a Mia Mamede, do Espírito Santo, foi coroada miss Brasil Universo em julho deste ano, em São Paulo. Na final, ela, a primeira capixaba a vencer o concurso, superou Rebeca Portilho, do Amazonas, Luana Lobo, do Ceará, Isadora Murta, de Minas Gerais, e Alina Furtado, do Rio Grande do Sul.
Mia não se encaixa no perfil da miss que se salva meramente pela estampa refinada em todos os aspectos. Está longe disso. Estudou jornalismo, audiovisual e socioeconomia na New York University, a Universidade de Nova York, uma das cidades onde morou. Fez especialização em TV e cinema e em atuação e apresentação pela New York Film Academy, a Academia de Filmes de Nova York. A informação é do R7 Entrevista.
A nova Miss Brasil Universo fala cinco idiomas: português, francês, espanhol, inglês e mandarim, aprendidos entre os 8 e os 24 anos, quando morou com a família em vários países, entre eles França, Espanha, Estados Unidos e China. No início da carreira, fez estágio e trabalhos na Record News no Espírito Santo. “Tenho imenso carinho e gratidão pela emissora”. Possui uma agência de produção de conteúdo em comunicação, a Mia Content House, em Vitória, sua cidade natal.
Neste papo com o R7 ENTREVISTA, Mia dá detalhes de sua trajetória acadêmica e profissional e dos planos a partir da escolha. Sonha com a vitória no Miss Universo, a ser realizado até janeiro do ano que vem, em país ainda não definido. Colírio é pouco. Acompanhe.
Até bem pouco tempo se dizia sobre as misses, em tom de piada e com certa dose de preconceito, que dez entre dez delas – ou seja, todas – citavam O Pequeno Príncipe como o melhor livro de suas vidas porque era o único que todas tinham lido. Você está longe de se encaixar nesse perfil. Fale um pouco de sua trajetória e de sua família.
Mia Mamede – (Risos). Isso, felizmente, mudou nos últimos anos. No meu caso, me tornei miss por vontade, mas também em decorrência de minha formação e da carreira profissional. Sou capixaba. Nasci em Vitória, capital do Espírito Santo. Sou filha mais nova de uma advogada e um engenheiro. Tenho um irmão. Estudei jornalismo, audiovisual e socioeconomia na Universidade de Nova York. Depois, especializei-me em TV e cinema e em atuação e apresentação pela New York Film Academy, para aprender a trabalhar na frente e atrás das câmeras. Sempre atuei com audiovisual, minha paixão. Hoje, tenho uma agência de produção de conteúdo de comunicação, a Mia Content House, em Vitória.
Sim. Português, espanhol, francês, inglês e mandarim. O trabalho do meu pai exigiu que minha família vivesse por muito tempo no exterior. Por conta disso, dos 8 aos 24 anos morei em Bahrein, na China por cinco anos, no Oriente Médio, nos Emirados Árabes Unidos, na Espanha, na França, em Paris, e em Nova York, nos Estados Unidos. Costumo brincar que fui criada pelo mundo. Somando os países que visitei depois, por conta do trabalho, estive em 29.
Seu nome completo é Maria Eugênia Mamede. Por que virou Mia?
Era um apelido um pouco familiar, menos frequente, que ficou forte na China, para facilitar as coisas, porque os chineses simplesmente não conseguiam dizer Maria Eugênia. Aí virei Mia de vez, e o problema foi resolvido.
Você fez estágio na Record News?
Exato. Por três meses, durante uma das férias de verão americano que passei no Espírito Santo. Participei de reportagens e programas sobre turismo e cultura em meu estado. No ano seguinte, me convidaram e fiz novos trabalhos. Tenho grande carinho pela Record News porque foi a primeira emissora a me dar chance de ter experiências como produtora e repórter.
Quais são seus planos profissionais a partir de agora?
Eu tinha projetos ligados a turismo e natureza, com a content house, em parceria com a TV Ambiental, um canal a cabo capixaba dedicado a questões ambientais e de desenvolvimento sustentável, e também com um grande grupo de transporte com sede no Espírito Santo. Sempre pensei numa forma de ajudar a divulgar o meu estado, que é lindo e possui muitas qualidades, mas que muitas vezes é diminuído ou mesmo esquecido, na região Sudeste, diante da grandeza de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
E agora, com a eleição para Miss Brasil Universo?
Penso em usar essa escolha como uma plataforma sólida para ampliar essas ideias e contribuir, de alguma forma, para divulgar a força e as beleza do Brasil, internamente e no exterior. Ainda há uma visão estereotipada do Brasil lá fora, negativa em muitos aspectos, que precisa ser reposicionada. Tenho interesse também em reforçar a pauta de questões de empoderamento e valorização das mulheres. Se me tornar miss Universo então, nossa…
Por falar em empoderamento feminino, na final do concurso você deu uma resposta muito elogiada a uma questão do concurso sobre a questão feminina.
Estava nervosa, mas lembro-me que toquei na questão da violência contra as mulheres no mundo e particularmente no nosso país, aqui em um nível intolerável. Acho que o principal da minha fala foi mostrar o desejo de representar a miss do século 21. No meu caso, e diante da realidade que nos cerca, isso significa, sobretudo, ser um bom exemplo de mulher empreendedora, combativa e forte para a meninas brasileiras. Ampliar nelas a vontade de buscar liderança nos ambientes públicos, privados e no terceiro setor. Isso ajudará a fortalecer também o combate à violência contra a mulher. Conhecemos nossa dor. Por isso, nós é que deveremos propor as formas de combate às opressões, aos homens violentos inconformados com o final de um relacionamento, e por aí vai. Não tem sentido ser miss sem essa missão de liderança.
Ser miss dá grana?
Não posso falar sobre premiações ou remunerações internas do concurso por questões contratuais, mas vou comentar o possível. É claro que proporciona a abertura de algumas boas portas, direta ou indiretamente. Mas também nos toma tempo e, muitas vezes, implica a necessidade de pausar ou paralisar projetos pessoais e profissionais, como disse ter ocorrido comigo. Além disso, um ano, período de reinado de uma miss, passa muito rápido. Em resumo: evidentemente traz vantagens, mas também implica renúncias e é por um tempo curto para definir financeiramente uma vida.
Na final, você concorreu com Rebeca Portilho, do Amazonas, Luana Lobo, do Ceará, Isadora Murta, de Miss Minas Gerais, e Alina Furtado, do Rio Grande do Sul. Nos concursos de miss, são históricos os casos de inveja, traição, fofoca, puxada de tapete, fogueira de vaidades, enfim. Sentiu isso na final?
Olhe, sinceramente não. Antes de irmos para o local em que o concurso foi realizado, ficamos por dois dias em um hotel sem câmera, jornalista, prova, nada. Tivemos oportunidade de nos conhecermos pessoalmente, com maior intimidade, descontração, sem o ritmo da competição. Passar o dia e jantarmos juntas. Falamos sobre família, amizade… Uma ajudando a outra, emprestando um ferro de passar roupa, essas coisas. Fizemos realmente amizade nesse confinamento. Nós éramos totalmente diferentes. Cada uma trazia uma mensagem, uma pegada diferente. Quem ganhasse seria uma miss diferente das outras quatro. Então, a competição não era uma contra a outra para os jurados, porque era difícil nos comparar, mas de cada uma com ela mesma. Era para cada uma encontrar a melhor versão de si mesma. No primeiro hotel, isoladas, ficamos eu e as misses Amazonas e Minas Gerais no mesmo quarto. Na primeira noite, nos juntamos todas em um quarto. A Rebeca desfilou todas as roupas que trouxe para a gente. A Isadora exibiu os três looks e pediu que definíssemos o melhor. Fizemos farra e demos boas gargalhadas. Eu logo peguei a fama de recordista de malas. Enfim, foi muito engraçado e bacana. Então, eu conheci a Luana e a Alina, e não apenas as misses Ceará e Rio Grande do Sul. Pedimos nas redes sociais às torcidas das cinco que apoiassem a vencedora independentemente do resultado. Então o clima foi leve, sem ciumeira. Aquele abraço delas em mim na final foi sincero.
Difícil imaginar isso numa final de concurso de misses, mas, se você confirma, vamos acreditar. Quando será a disputa para o Miss Universo?
A data e o local ainda não foram definidos. Normalmente acontece antes do final do ano, mas, como em 2022 teremos Copa do Mundo entre novembro e meados de dezembro, deverá ser antes, até outubro, no final de dezembro ou em janeiro de 2023. Particularmente, acredito que, se não for até em outubro, será em janeiro do ano que vem.
E a vida afetiva?
Sou solteira, não tenho filhos e, no momento, estou sozinha, sem namorado. Ou melhor: casada com a missão de ser miss Brasil – e, quem sabe, miss Universo.
Boa sorte.
Precisarei. Obrigado.