A revista “Diálogo Américas”, uma publicação estratégica das Forças Armadas norte-americanas, em artigo publicado em 29 de setembro de 2023, expressou preocupações com os avanços da China na Argentina, destacando a instalação de um telescópio chinês no país. A aproximação da China a países como Argentina e Brasil tem causado inquietação entre os militares dos EUA, que percebem antigos parceiros se alinhando com um rival geopolítico. Trechos do artigo ressaltam preocupação com o possível uso militar das instalações construídas pelos chineses.
Radiotelescópio Chinês-Argentino CART
O radiotelescópio China Argentina Radio Telescope (CART) será instalado no complexo astronômico El Leoncito, na província argentina de San Juan. Este projeto, que pesará cerca de 1.000 toneladas e terá 40 metros de diâmetro, é parte de um esforço mais amplo da China para expandir sua influência na América do Sul através do financiamento e construção de grandes projetos de infraestrutura na Argentina. Além do radiotelescópio, estão anunciadas a construção de um porto, uma central nuclear e uma central elétrica.
Juan Belikow, professor de Relações Internacionais da Universidade de Buenos Aires, expressou à “Diálogo” que ser “parceiro” dos chineses pode ser um jogo perigoso. Ele ressalta que a China pode emprestar dinheiro a países em dificuldades econômicas, sabendo que eles não terão condições de pagar. Isso pode resultar em contratos pouco transparentes e potencial perda de soberania ou uso militar de instalações científicas.
Antena na Patagônia Argentina
Um exemplo citado é a Estação Espacial Distante, uma antena de 35 metros de diâmetro na província de Neuquén, controlada por militares chineses, instalada em 2017. As atividades realizadas pelas autoridades chinesas lá ainda são desconhecidas, levantando dúvidas sobre possíveis interferências em satélites de outras potências e usos não pacíficos.
Projetos em Terra do Fogo
Na província argentina de Terra do Fogo, a China planeja construir um porto com vista para a Antártida e uma central elétrica. A empresa Shaanxi Chemical Group investirá US$ 1,2 bilhões para a construção de uma planta industrial e um terminal portuário multiuso, além de uma central elétrica de 100 MW. Belikow adverte sobre o controle da travessia bioceânica e a projeção da China na Antártida em questões científicas, econômicas, turísticas, de soberania e militar.
Pequim também quer financiar a construção de Atucha III, a quarta central nuclear a ser instalada na Argentina. O governo da Argentina anunciou um contrato de US$ 8,3 bilhões com Pequim em fevereiro de 2022 para a construção da central.
A deputada nacional da província de Mendoza, Jimena Latorre, expressou preocupação com o acordo, destacando que é um financiamento e não um investimento, com uma viabilidade financeira desconhecida.