O ex-presidente Evo Morales anunciou no domingo 24 que será candidato a presidente da Bolívia nas eleições de 2025. O anúncio vem depois do estremecimento das relações de seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS), com o governo de até então aliado, o também esquerdista Luis Arce, no poder desde novembro de 2020.
Em uma postagem no X (antigo Twitter), Morales atribuiu a decisão a suposta perseguição do atual governo. “Forçados pelos ataques do governo, pelo seu plano de proibir o MAS-IPSP [partido político de Morales] de nos defenestrar com processos políticos, eliminando-nos até fisicamente, decidimos aceitar os pedidos da nossa militância e de tantas irmãs e irmãos para ser candidato à presidência da Bolívia.”
Em uma espécie de pré-campanha eleitoral, o ex-presidente boliviano tem viajado o país e realizado comícios em diversas cidades. Frequentemente, ele publica as imagens desses eventos nas redes sociais. Morales foi presidente da Bolívia entre 2006 e 2019. Ao fim do mandato, disputou novamente as eleições, mas não assumiu o cargo. Como seria o terceiro mandato consecutivo, o resultado da eleição não foi reconhecido pela oposição, e Morales se exilou no México.
Quem assumiu o poder interinamente à época foi Jeanine Añez, que dois anos mais tarde acabou presa e condenada a dez anos de prisão sob a acusação de organizar um golpe de Estado contra Morales.
Evo Morales afirma que é vitima de perseguição
Agora, para as eleições de 2025, há duvidas jurídicas se o ex-presidente poderia se candidatar novamente já que a Constituição da Bolívia permite apenas uma reeleição. Para Morales, o entendimento é de que a proibição se refere apenas a mandatos consecutivos, mas estaria liberada depois de outro presidente ter assumido o governo.
Apesar do anúncio de Morales de que irá disputar a reeleição, seu partido ainda não realizou a convenção para oficializá-lo. Isso está previsto para o fim do ano.
O racha entre o governo de Arce e Morales ficou evidente nos últimos meses. O ex-presidente tem acusado os ministros de Governo e da Justiça de liderarem ações políticas contra si e de tentarem envolvê-lo em casos de corrupção.