O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, emitiu um alerta sobre o El Niño. De acordo com o centro, o fenômeno climático ainda não atingiu sua intensidade máxima, e existe a possibilidade de que situações semelhantes ao ciclone registrado na semana passada no Rio Grande do Sul possam se repetir nos próximos meses. A previsão é de chuvas acima da média para o Sul do país, pelo menos até novembro.
Segundo os especialistas do centro, um sistema frontal com características quase estacionárias foi o principal responsável pelas precipitações históricas que causaram inundações no centro-norte do Rio Grande do Sul (foto). Cerca de 100 municípios gaúchos foram afetados, com pelo menos 48 mortes.
Uma frente fria originada na Argentina e que permaneceu sobre o estado, juntamente com um sistema de baixa pressão nos altos níveis da atmosfera, foi o motivo das chuvas intensas, que chegaram a quase 300 milímetros. “Para se ter uma ideia da dimensão, choveu em apenas 5 dias o dobro do que normalmente é registrado durante todo o mês de setembro”, destacou o centro de monitoramento.
Um dos efeitos do El Niño no padrão climático regional para a América do Sul é o aumento das chuvas no Sul do Brasil e a diminuição nas regiões Norte e Nordeste. Esse fenômeno altera o comportamento dos sistemas frontais, que são áreas onde massas de ar quente e frio se encontram e estão associadas à ocorrência de chuvas.
“Durante os anos de El Niño, as frentes frias se posicionam com maior frequência sobre a região Sul do Brasil e, com isso, as precipitações se tornam mais assíduas e volumosas”, afirma o centro.
Além disso, o centro de monitoramento destaca que as frentes frias permanecem sobre a região Sul devido a outra alteração causada pelo El Niño: “O aumento das temperaturas nas proximidades do Equador amplia a deferência térmica entre as latitudes equatoriais e polares, o que traz como consequência uma maior intensidade e estabilidade dos ‘jatos’, que são canais de ventos intensos que ocorrem na alta atmosfera e que controlam o comportamento das frentes frias”.
“Assim, durante anos do El Niño, esses jatos tendem a se posicionar sobre a Região Sul, motivando a alta frequência de passagens frontais sobre essa região e, em decorrência, um maior acumulado pluviométrico”, acrescenta o centro.
Com informações da Agência Brasil