O brasileiro Danilo Cavalcante, que fugiu de uma prisão nos Estados Unidos, foi visto novamente por câmeras de segurança de um imóvel neste domingo perto de Phoenixville, no estado americano da Pensilvânia, segundo informações da polícia local. Desta vez, é possível observar que ele mudou de aparência, tendo retirado toda a barba que cobria seu rosto.
Foto: Reprodução/O Globo.
O local do novo flagra está cerca de 40 km fora da zona de busca original, o que significa que o brasileiro já percorreu um longo trajeto. A polícia disse não saber como ele conseguia percorrer uma distância tão longa, mas acredita que ele pode estar usando um veículo branco.
Na tarde de sexta-feira, a busca havia se concentrado na área ao redor de um amplo jardim botânico onde Danilo Cavalcante foi visto por duas vezes. O número de policiais em busca de do brasileiro, que escapou da prisão do condado de Chester em 31 de agosto, cresceu para quase 400, com vários helicópteros circulando e autoridades fechando abruptamente estradas em uma área próxima a Longwood Gardens.
Cavalcante, que foi condenado por esfaquear a ex-namorada até a morte, foi flagrado por câmeras em um jardim na noite de quarta-feira e depois visto no mesmo local por volta do meio-dia de quinta-feira.
Houve dois avistamentos confirmados de Cavalcante na área de busca na sexta-feira, disse um porta-voz da polícia estadual. Mas a caçada continua neste sábado. Também na sexta-feira, autoridades locais disseram que o presídio demitiu um agente penitenciário que estava de plantão quando Cavalcante subiu no telhado para escapar.
Veterano de prisão de 18 anos, o policial, que não foi identificado, estava em uma torre de vigia, mas não conseguiu ver Cavalcante escapar do pátio de exercícios. Ele foi colocado em licença administrativa no início desta semana e demitido na quinta-feira, disse Michelle Bjork, porta-voz do Gabinete dos Comissários do Condado de Chester.
Em entrevista coletiva na manhã de sexta-feira em um posto de comando temporário, instalado em um quartel de bombeiros na cidade de Unionville, o tenente-coronel George Bivens, da Polícia Estadual da Pensilvânia, disse estar “otimista” de que a busca desgastaria Cavalcante e que as autoridades o capturariam quando inevitavelmente cometesse um erro.
Mas Bivens também alertou que Cavalcante, que fugiu do Brasil depois de supostamente ter cometido um assassinato em 2017, “não era estranho às dificuldades” e já havia sido alvo de uma caçada humana antes.
— Depois do crime que cometeu lá, ele fez algo muito parecido com isto na selva — disse o coronel Bivens. — Portanto, não é surpresa para mim que ele consiga durar um tempo — acrescentou.
As autoridades brasileiras disseram que, em 2017, Cavalcante atirou e matou Valter Júnior Moreira dos Reis em uma praça de Figueirópolis, uma região rural no norte do país. Cavalcante trabalhava em uma fazenda de gado, administrando vacas e máquinas, disse Dayane Moreira dos Reis, irmã do homem morto. Ela disse que ele tinha uma reputação terrível na cidade.
— Meu irmão mencionou para nós em casa que ele [Cavalcante] tinha muito acesso a armas — disse Dayane em entrevista por telefone.
Dayane disse que Cavalcante e seu irmão eram amigos íntimos, mas que no verão de 2017, o agora fugitivo começou a enviar-lhe mensagens de texto ameaçadoras. Ela incentivou o irmão a ficar longe da cidade, mas em novembro daquele ano ele voltou para tirar uma nova carteira de motorista. Certa manhã, ele estava na praça da cidade com amigos quando Cavalcante chegou, disse Dayane.
— Eu fui embora — disse ela. — Quando cheguei em casa, ouvi os tiros — acrescentou.
Cavalcante atirou seis vezes em Moreira, segundo a polícia, e depois fugiu. A polícia disse que o motivo do crime foi uma dívida não liquidada relacionada ao conserto de um veículo. As autoridades vasculharam a área, mas não conseguiram localizar Cavalcante.
Dayane disse que sua família estava com medo agora que Cavalcante havia saído da prisão. Sua mãe, em particular, está preocupada com a possibilidade de Cavalcante retornar ao Brasil, como os promotores do condado de Chester acreditam que ele vinha tentando fazer desde que foi capturado em 2021, após matar Debora Brandão, sua ex-namorada.
A irmã mais velha de Debora, Silvia, que mora no Brasil, disse que a vítima se mudou para os Estados Unidos em 2017, trazendo seus dois filhos pequenos alguns anos depois.
— Era o sonho dela dar-lhes uma educação, uma vida melhor — disse ela.
Debora conheceu Cavalcante por meio de amigos em comum em um churrasco no bairro, disse sua irmã em entrevista por telefone na sexta-feira.
— Ele parecia ansioso para agradar — disse ela.
Eles namoraram por mais de um ano, mas a personalidade de Cavalcante pareceu mudar e ele começou a agir de forma mais agressiva, disse ela. Debora decidiu terminar o relacionamento, disse a irmã, mas Cavalcante recusou. De acordo com depoimento em seu julgamento, Cavalcante tornou-se fisicamente abusivo, chegando a ameaçar matá-la. Quando Debora soube que ele era procurado por homicídio no Brasil, ela disse que contaria à polícia se ele se aproximasse dela.
Ele apareceu na casa dela um dia de abril de 2021. E com os filhos dela olhando, ele sacou duas facas, jogou-a no chão e esfaqueou-a 38 vezes. Enquanto a filha de Debora fugia, Cavalcante jogou uma pedra nela.
Agora, com Cavalcante circulando livremente, Silvia Brandão disse que sua família está preocupada com sua segurança.
— Tememos pelos nossos, tememos pelas nossas famílias — disse ela, notando que está especialmente preocupada com a sua outra irmã, Sarah, que vive na Pensilvânia e cuida dos filhos de Debora.
— Espero que tudo dê certo — disse ela. — Que tudo isso acabe logo e fiquemos em paz — finalizou.
Fonte: O Globo.