O procurador-geral da República, Augusto Aras, disse que a Operação Lava Jato tem um “legado maldito” e um modus operandi que “ceifou” vidas, política, economia e “afrontou” a soberania nacional. A declaração foi publicada no perfil oficial do procurador na rede social X, antigo Twitter.
“Fui acusado de destruir a Lava Jato, quando apenas institucionalizei e despersonalizei o Ministério Público”, escreveu Aras na quinta-feira 7. “Hoje, a sociedade enxerga seu verdadeiro legado maldito, seu ‘modus operandi’ que ceifa vidas, a política, a economia e afronta a soberania nacional.”
A publicação do procurador acontece um dia depois de o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), anular todas as provas do acordo de leniência da Odebrecht, usadas em acusações e condenações.
Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, Aras ainda afirmou que o Brasil enfrentou, nos últimos quatro anos, um “forte corporativismo apoiado pelas fake newsdivulgadas pela imprensa desviada, que confundiu Justiça com vingança”.
O procurador busca ser reconduzido para a PGR pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 17 de agosto, por exemplo, ele se reuniu com o petista a pedido do senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado. Jaques também se mostra favorável a recondução de Aras.
Confira a decisão de Toffoli, aprovada por Augusto Aras
Na quarta-feira 6, o ministro do STF declarou que os agentes da Lava Jato “desrespeitaram” o devido processo legal, “descumpriram decisões judiciais superiores, “subverteram provas” e agiram com “parcialidade”.
Além disso, que eles se valeram de uma “verdadeira tortura psicológica e de um pau de arara do século 21” para obter provas contra “inocentes”. Ex-juiz da Lava Jato, o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) é um dos principais nomes da operação, sendo o responsável por condenar o presidente Lula.
Conforme Toffoli, a prisão do presidente Lula foi um “dos maiores erros judiciais da história” e uma “armação”. Em linhas gerais, a decisão anulou provas obtidas por meio de um acordo de delação premiada com ex-funcionários da Odebrecht.
Toffoli ainda determinou à Procuradoria-Geral da República e a outros órgãos, incluindo a Advocacia-Geral da União (AGU), a identificação dos “eventuais agentes públicos que atuaram e praticaram os atos relacionados” ao acordo de leniência.