Secretário de Segurança Pública do Amazonas, o general do Exército Carlos Alberto Mansur foi alvo de operação sobre extorsão e corrupção
Secretário de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), o general do Exército Carlos Alberto Mansur foi alvo de operação da Polícia Federal deflagrada na terça-feira (29) para buscar provas sobre suposto esquema de extorsão e corrupção que envolvia a cúpula da pasta estadual.
Segundo investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Amazonas, viaturas da Segurança Pública do Amazonas foram usadas para extorsão de líderes de quadrilhas de tráfico de drogas.
Policiais civis e militares de confiança dos integrantes da cúpula da secretaria usariam informações privilegiadas, coletadas em investigações, para apreender drogas e dinheiro dos grupos criminosos e se apoderar de tudo para lucrar, em vez de combater a criminalidade, ainda de acordo com a investigação.
Além do general, outros cinco integrantes da cúpula da Secretaria de Segurança do Amazonas foram alvo da operação: dois capitães do Exército, um delegado da Polícia Civil, um coronel e Victor Mansur, filho do secretário de segurança e suspeito de envolvimento em roubos de carregamento de ouro e pagamentos de propinas.
Victor Mansur havia sido nomeado para chefiar o Núcleo Especial de Operações de Trânsito (Neot), órgão ligado à secretaria então comandada pelo pai dele. Policiais federais cumpriram nesta terça um mandado de prisão contra o filho do general.
General foi exonerado do cargo após repercussão da operação
Ao todo, policiais cumpriram 16 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça. Um deles contra Carlos Alberto Mansur, que foi preso por porte ilegal de arma de fogo, mas liberado após pagar fiança. À noite, diante da repercussão do caso, ele foi exonerado do cargo pelo governador Wilson Lima (União Brasil), assim como os demais ocupantes de cargos de confiança citados pela PF.
Paranaense de Paranaguá, Mansur é um general de três estrelas. Ele iniciou a carreira militar em 1977, quando entrou na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas (SP). Foi declarado aspirante a oficial da Arma de Artilharia em 1983 e classificado no 5º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado, sediado em Curitiba (PR).
O general Mansur foi adido militar de defesa naval, do Exército e da Aeronáutica na China, Coréia do Sul e Vietnã. Foi vice-chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército, sendo este o último cargo ocupado na instituição nacional.
Ele também passou pelo alto escalão do Exército Brasileiro, comandando unidades militares como o 10º Grupo de Artilharia de Campanha de Selva em Boa Vista (RR); Escola de Formação Complementar do Exército e Colégio Militar de Salvador (BA); 1ª Brigada de Infantaria de Selva de Boa Vista (RR); 5ª Região Militar de Curitiba (PR), e 12ª Região Militar, em Manaus (AM).
No comando da 12.ª Região Militar, criou vínculos políticos no Estado. Em 2021, após passar à reserva, foi convidado a assumir a Secretaria da Segurança Pública do Amazonas.
Em janeiro, o Ministério Público Militar do Amazonas abriu uma investigação para apurar possível crime do Comando Militar da Amazônia (CMA), em Manaus. A investigação tomava como base dois ofícios do governo do Estado que relatavam a atuação do Exército, em 9 de janeiro, quando um acampamento que pedia intervenção militar e a derrubada do governo de Luiz Inácio Lula da Silva foi desmontado em frente ao quartel do CMA.
Segundo os documentos, no dia da operação, o CMA guardou pertences dos acampados, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e negociou individualmente, dentro do quartel, com lideranças do movimento local. Um dos documentos era assinado justamente pelo general Mansur. (Com Estadão Conteúdo)