Sem definição da reforma ministerial por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), partidos como PP e Republicanos trocaram seus integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Com a dança das cadeiras na CPI do MST, a oposição voltou a ter maioria dentro do colegiado e a expectativa é de que o relator, deputado Ricardo Salles (PL-SP), proponha o indiciamento de aliados do Palácio do Planalto.
O PP, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), cedeu as suas vagas dentro da CPI para nomes do PL, legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro. O Republicanos retirou dois deputados afinados ao ex-presidente, mas não os substitui por governistas, como queria os articuladores de Lula. O União Brasil, que conta com três ministérios, também ensaia um movimento que pode substituir os deputados titulares, Damião Feliciano (PB) e Gaguim (TO), mais afeitos a Lula, pelos suplentes na comissão Coronel Assis (MT) e Coronel Ulysses (AC), simpáticos a Bolsonaro, informa o jornal O Globo.
Com isso, a oposição passou a ocupar 15 cadeiras na comissão, contra nove da base da base governista. Além disso, o relator pretende pedir o indiciamento de aliados do governo Lula, como o líder da Frente Nacional de Lutas Campo e Cidade (FNL), José Rainha, e do deputado federal Valmir Assunção (PT-BA). O relatório da CPI do MST deve ser apresentado até o dia 1º de setembro.
A intervenção do governo na CPI levou o comando da comissão a desistir de pedir sua prorrogação. Havia a expectativa, também, de que o relatório final de Salles fosse rejeitado. Com a reviravolta desta semana, a possibilidade de um documento duro para o governo Lula ser aprovado aumenta consideravelmente.
Essa foi a comissão mais incômoda para o Palácio do Planalto nesta legislatura. Ao longo de suas sessões, a oposição expôs críticas de ex-militantes sem-terra e acossou apoiadores do governo.