Essa sexta-feira (25) foi marcada pelo encontro entre a ex-assentada, Vanuza Souza, e os membros da CPI do MST, em diligência na cidade de Prado, interior da Bahia. Acompanhada pelos deputados Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), Ricardo Salles (PL-SP), e capitão Alden (PL-BA), Vanuza foi até a casa construída em terreno do qual foi expulsa, após sessão de tortura, que teria sofrido como castigo, por ‘escolher ser livre’, segundo depoimento prestado em Brasília.
Vanuza retornou à casa que construiu, pela primeira vez, após a agressão que diz ter sofrido. No local, o filho da ex-assentada aguardava a chegada da comitiva, vestido com a camisa do MST. O rapaz, cujo o nome não foi identificado, é ativista e ideólogo do movimento, segundo titulares da comissão.
“Fala para mim, filho, que eu sou fake news”, clamou a mulher humilde em menção a depoimento gravado pelo ativista, a pedido da base do governo, na tentativa de invalidar o testemunho de Vanuza.
“Eu recebi esse lote das mãos de Valmir Assunção [deputado], coloquei água e construí [a casa]. Em abril de 2001, toda a direção do MST chegou aqui de madrugada, quebrou meu telhado e minhas portas, me sequestrou, me espancou e me tirou de dentro da minha casa”, relatou.
“Ela está mentindo, dizendo que essa casa era dela?”, questionou o presidente da Comissão ao ativista. O rapaz confirmou a informação de que a residência pertenceu a ex-assentada.
Perguntado sobre a retirada de Vanuza do local, o homem afirmou que sua mãe “causava tumulto à associação”, repreendido por Zucco, que disse que o fato alegado pelo filho de Vanuza “nao justifica a violência que ela sofreu”.
Para o deputado capitão Alden, o impasse familiar é resultado “do comunismo, que coloca filhos contra pais. O filho da dona Vanuza é um influenciador marxista que orienta pessoas a fazer justamente o que ele fez aqui contra a própria mãe”,refletiu.
“O que fica claro é que este dito movimento que fala em ‘lutar pela reforma agrária’, na verdade prega um objetivo, mas na prática atua de forma criminosa e não respeita nem seus próprios membros”, arrematou.
A CPI do MST desbravou o extremo sul da Bahia em contexto acalorado. Parlamentares de oposição foram hostilizados e chegaram a discutir em tom elevado com lideranças locais. A Bahia tem o maior volume de famílias acampadas pelo MST no Brasil e lidera o ranking de estados com maior atuação do movimento. Foram 15 invasões registradas só esse ano.
Para a diretoria da CPI,os números apresentam ‘nexo causal’ com a gestão do Partido dos Trabalhadores (PT), que se arrasta por cerca de 16 anos no estado baiano.
O ex-governador do estado, atual ministro da Casa Civil, Rui Costa, é depoente desejado pela oposição e blindado pelo governo Lula. A falta de acordo sobre a convocação do petista despertou ofensiva da base governista contra a CPI, que tentou desarticular os trabalhos, através do afastamento de parlamentares ligados ao agronegócio.