O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, terá agendas com o ministro da Justiça, Flávio Dino, e irá a sede da Polícia Federal em Brasília nesta quarta-feira, após pedir a PF acesso aos nomes de militares que se encontraram com o hacker Walter Delgatti no ano passado supostamente para descredibilizar as urnas eletrônicas.
Múcio e Dino almoçarão juntos no Ministério da Defesa. À tarde, Múcio vai a PF conversar com o diretor-geral da instituição, delegado Andrei Passos Rodrigues. A liberação dos nomes ao Ministério da Defesa depende de autorização do ministro relator do caso, Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na chegada para o almoço, Dino afirmou que há um “redimensionamento” entre o “poder civil e as instituições militares” porque “o que aconteceu nos anos recentes trouxe consequências muito graves”.
— Nós estamos sempre buscando esse diálogo com as instituições militares porque há uma atuação complementar entre segurança pública e as Forças Armadas. E há, evidentemente, neste momento, uma busca, um redimensionamento da dimensão entre o poder civil e as instituições militares, porque o que aconteceu nos anos recentes trouxe consequências muito graves e por isso mesmo é necessário ter esse duplo trilho: de um lado você cuida do redimensionamento, reposicionamento, de outro você apura o que aconteceu de errado no passado. Então,a agenda com o Ministério da Defesa é normal, é natural, é semanal.
Questionado se há dimensão sobre a gravidade dos fatos investigados pela PF com a participação de militares, Dino afirmou que “há compreensão quanto a importância desse novo momento nas Forças Armadas”.
— Eu acho que é muito nítida essa ideia de o que aconteceu no passado não é adequado. Se nós mensurarmos a prática concreta dessa relação entre poder civil e instituições militares no passado e olharmos para hoje há um contraste e por isso mesmo eu acho que há essa compreensão quanto a importância desse novo momento nas Forças Armadas.
Dino ainda afirmou que o papel das Forças Armadas está na Constituição e que não seria necessário uma adequação do texto. O ministro disse ainda que tenta “extrair consequências positivas dessas funções.
— Está lá, no famoso artigo 142 jpa define quais são as funções militares. Nós estamos buscando extrair consequências positivas dessas funções.
À CPI do 8 de Janeiro, o hacker afirmou ter ido cinco vezes ao Ministério da Defesa por recomendação do ex-presidente Jair Bolsonaro.
— Diante dos dados que eles enviarem, tomaremos todas as providências que forem necessárias — disse Mucio ao GLOBO no início da semana.
Com a ampliação do número de militares que ocuparam cargos no governo Bolsonaro na condição de investigados, o ministro da Defesa, José Múcio, e os comandantes das Forças Armadas conversaram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no sábado no Palácio do Alvorada. Múcio frisou a Lula que não quer tratar a todos como suspeitos, mas que serão tomadas providências com aqueles que tiverem cometido irregularidades.
Em encontro fora da agenda, o presidente ouviu do comandantes do Exército, general Tomás Paiva; da Marinha, almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, e da Aeronáutica; o tenente-brigadeiro de ar Marcelo Kanitz Damasceno, levaram a Lula a mensagem de que, interessa às Forças que os fatos sejam esclarecidos e as condutas sejam individualizadas.
O Globo