Procedimento de retirada do útero pode ser parcial ou total e é indicado para mulheres com problemas graves na região pélvica, como o câncer de colo do útero em estágio avançado
A cantora Preta Gil se pronunciou pela primeira vez neste domingo (20) após realizar uma cirurgia para a retirada de um tumor que incluiu uma histerectomia total abdominal.
A histerectomia é um procedimento cirúrgico de retirada do útero, que também pode incluir a retirada do colo do útero. A cirurgia pode ser classificada como parcial ou total, também denominada como radical, explica a ginecologista e obstetra Andrea Grieco.
De acordo com Andrea, o que define se o procedimento é parcial ou total é a retirada apenas do corpo do útero ou do colo do útero também.
“A parcial é quando é feita a retirada da parte superior do útero e o colo do útero é preservado. A total é quando retiramos da parte superior até o colo do útero”, explica a ginecologista e obstetra Larissa Cassiano.
O procedimento é, normalmente, indicado para mulheres com problemas graves na região pélvica, como por exemplo:
- Câncer de colo do útero
- Câncer de ovário em estágio avançado
- Infecções
- Miomas
- Hemorragias
- Endometriose grave
- Prolapso uterino
“Muitas vezes, em situações oncológicas, nós temos o que chamamos de invasões de alguns vasos pélvicos. E, como forma de proteção, [os médicos] podem optar pela retirada do útero. Essa pode ser uma possível causa para a decisão no caso da Preta Gil”, ressaltou Cassiano.
Como é feito o procedimento?
No caso da cantora Preta Gil, a histerectomia foi total – retirou o corpo e o colo do útero – e abdominal, ou seja, a via de acesso ao útero foi feita através de uma incisão no abdômen.
A ginecologista Aline Calixto explica que a outra alternativa é a histerectomia vaginal, quando o acesso ao útero se dá através de uma incisão no canal vaginal da paciente.
Há também histerectomia laparoscópica, quando os cortes são feitos no umbigo e na vagina.
Quais são as consequências da cirurgia?
A principal consequência da histerectomia é não poder engravidar.
Com a retirada do útero, a paciente também para de menstruar, mas Calixto reitera que isso não quer dizer que ela entrou na menopausa. Se os seus ovários são preservados, a mulher ainda tem parte do ciclo menstrual e irá ovular normalmente.
“Tirar o útero não muda os hormônios da mulher, que são produzidos pelos ovários. Ela não vai menstruar mais porque não tem o local do corpo onde prolifera a camada de sangue da menstruação [o endométrio]. Mas não tem qualquer alteração dos hormônios”, diz Calixto.
Ela ainda pondera que em casos de histerectomia parcial, pode ser que a paciente tenha sangramentos cíclicos, parecidos com a menstruação. “Isso ocorre em função de algum resquício de parte do endométrio.”
Há ainda outras possíveis consequências, como perda de libido e lubrificação ou dor durante a relação sexual.
Como é a recuperação?
Cassiano explica que, dentre os procedimentos ginecológicos, esse é um dos que pode ser considerado de maior complexidade. “Tem um risco médio e uma recuperação um pouco mais complexa, pois tem uma incisão mais ampla e o tempo cirúrgico é maior”, diz Cassiano.
Calixto explica que a recuperação pode ser considerada “dolorida”, já que procedimentos na região abdominal costumam afetar tarefas e movimentos simples do dia-a-dia.
“Considerando as possibilidades que temos hoje, de fazer a cirurgia por vídeo, por robô, esses riscos são diminuídos”, completou Cassiano. “De maneira geral, ao longo do tempo a pessoa não sente nenhuma grande diferença após uma histerectomia.”