Uma licitação para compra de milhares de móveis na superintendência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) em Alagoas, um escritório onde trabalham apenas 54 pessoas, chama atenção pela quantidade de itens e os valores estimados. Após o contato da coluna, o ministério informou que suspendeu o edital.
São 9,8 mil cadeiras, 7,7 mil mesas, 3,5 mil armários e 236 sofás, entre outros. O valor total estipulado no edital é de R$ 59,9 milhões. O órgão ocupa uma casa de dois andares no bairro de Farol, em Maceió.
O pregão teve início em 8 de agosto. Após o contato da reportagem, nesta sexta-feira (18/8), o ministério informou que tomou conhecimento do assunto e mandou suspender o edital. O ministério afirmou que o processo teve início na gestão anterior.
“O MAPA informa que o mesmo teve sua fase interna iniciada ainda em 2022 e que a operação ocorreu em 8 de agosto de 2023. Tendo tomado conhecimento de possível irregularidade no processo em andamento e visando esclarecer todos os fatos com a máxima transparência, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e o coordenador das Superintendências, Oziel Oliveira, determinaram imediata suspensão do referido processo. Por fim, é oportuno ressaltar que não foi empenhado nenhum recurso no pregão em tela, tendo em vista que o mesmo ainda não foi finalizado.”
Os lances no pregão oferecidos até agora, com valores muito mais baixos daqueles estimados inicialmente pelo ministério, mostram como o edital está descolado da realidade.
A superintendência estipulou em R$ 40,8 mil o preço de uma mesa para conferência em formato de ferradura, por exemplo. Com 26 unidades, o valor apenas desses itens seria de R$ 1 milhão. No leilão, porém, o melhor lance foi de R$ 14,4 mil, menos de metade do estipulado.
Já uma mesa de trabalho de 2,6 metros por 1,8 metro foi estimada em R$ 20,4 mil. O melhor lance foi de R$ 7,6 mil, também muito abaixo.
Considerando os lances mais vantajosos feitos no pregão, as compras foram estimadas em R$ 29,9 milhões. Ou seja, as empresas teriam condições de fornecer os itens por metade do preço estipulado pela superintendência, R$ 59,9 milhões.
Desde 13 de julho, a superintendência de Alagoas está nas mãos de Jorge Marques da Silva, indicado pelo deputado Daniel Barbosa, do PP de Alagoas.
Fonte: Metrópoles.