O núcleo de campanha do ex-presidiário Luiz Inácio Lula da Silva(PT) vê a segunda quinzena de agosto como decisiva para rebater possíveis ganhos eleitorais do presidente Jair Bolsonaro (PL) com o reajuste do Auxílio Brasil. O novo valor de R$ 600 começa a ser pago pelo governo a partir desta terça-feira (9). O programa é uma das principais apostas de Bolsonaro para avançar sobre o eleitorado mais pobre.
Segundo aliados de Lula, terá início agora uma “guerra” de narrativas. O objetivo será mostrar ao eleitor que o reajuste do programa teria sido eleitoreiro e que o atual governo não teria compromisso com os cidadãos mais vulneráveis.
Nesta semana, por exemplo, Lula afirmou que, se eleito, pretende tornar o valor de R$ 600 permanente e que o programa será rebatizado de Bolsa Família. O bônus de R$ 200 mensais, aprovado pelo Congresso com apoio da bancada petista, garante o pagamento apenas até dezembro deste ano.
“Nós vamos retomar o Bolsa Família a R$ 600. Obviamente você tem que levar em conta o número de pessoas por família, não tem que ser igual para todo mundo”, disse o ex-presidente em entrevista ao portal UOL.
Em entrevista ao Jornal do Commercio no fim do mês passado, Lula explicou os votos favoráveis de petistas na PEC dos benefícios e lembrou que seu partido defende o valor de R$ 600 desde 2020, quando começou a pandemia de Covid-19. “Há dois anos, Bolsonaro propôs R$ 200 de auxílio, o PT propôs R$ 600 de auxílio emergencial. O Congresso colocou em R$ 500, Bolsonaro baixou para R$ 400. Votamos a favor dos R$ 600 e votaríamos de novo porque é um ato de humanidade, o povo precisa disso diante dos preços que disparam no supermercado”, afirmou o ex-presidente.
“O PT foi o primeiro a defender o valor de R$ 600. O Bolsonaro foi contra. Então, Bolsonaro tem que se explicar porquê ele foi contra lá atrás e agora monta uma operação boca de urna, às vésperas das eleições, acreditando que pode comprar o voto de quem está sofrendo pela fome, pela insegurança alimentar”, disse o deputado Alexandre Padilha (SP), um dos articuladores de Lula junto ao mercado financeiro.
Propaganda de Lula vai rebater proposta de Bolsonaro para o Auxílio Brasil
Além do início do pagamento do novo valor do Auxílio Brasil, o governo Bolsonaro antecipou para agosto o pagamento de duas parcelas do voucher caminhoneiro, programa também criado a partir da PEC dos benefícios sociais. Paralelamente, Bolsonaro sancionou uma lei que autoriza a concessão de empréstimo consignado a beneficiários dos programas Auxílio Brasil, Benefício de Prestação Continuada (BPC) e Renda Mensal Vitalícia (RMC).
Para integrantes da campanha de Lula, Bolsonaro está investindo todo o seu capital político neste mês no intuito de recuperar a economia antes do início efetivo da campanha. Como forma de reação, o PT pretende usar o início da propaganda eleitoral, no dia 26 de agosto, para explicar o contexto em que esses benefícios foram criados e acusar o governo atual de não ter compromisso com a população mais pobre.
A chapa petista prepara uma série de vídeos que serão disparados pelo WhatsApp afirmando que o benefício será cortado em janeiro de 2023 se o atual chefe do Executivo vencer a eleição. Recentemente, Bolsonaro sinalizou que pretende manter o valor de R$ 600 do programa social no ano que vem, mas essa medida depende da aprovação de uma nova emenda à Constituição (PEC) no Congresso.
Em outra frente, o PT quer realizar nas próximas semanas uma série de pesquisas para avaliar o comportamento do eleitorado e os efeitos do benefício, com o objetivo de aprimorar o discurso. A campanha acredita que o principal efeito será sobre os cerca de 1,5 milhão de eleitores que estavam na fila de espera e que irão receber os R$ 600 do Auxílio Brasil a partir deste mês.