Em depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, Walter Delgatti, conhecido como hacker da “Vaza Jato”, acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro de lhe pedir que assumisse a autoria de um “grampo” no ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Conforme Delgatti, em 2022, durante uma conversa com Bolsonaro por telefone, o então presidente disse que “organizações internacionais” conseguiram “grampear” o ministro.
“Segundo Bolsonaro, eles haviam conseguido um grampo, que era tão esperado à época, do ministro Alexandre de Moraes”, afirmou o hacker. “Que teria conversas comprometedoras do ministro, e ele precisava que eu assumisse a autoria desse grampo”.
Walter Delgatti diz que Bolsonaro pediu para que ele assumisse autoria de grampo em Alexandre de Moraes.
“Fique tranquilo, se caso algum juiz
te prender eu mando prender o juiz”, teria dito o ex-presidente ao hacker. pic.twitter.com/MQFxgao5p8— Metrópoles (@Metropoles) August 17, 2023
O hacker teria se encontrado com Bolsonaro durante um café da manhã, em que ele o questionou sobre a possibilidade de invadir as urnas no TSE. Conforme Delgatti, o ex-presidente teria dito: “Preciso que você vá até o Ministério da Defesa e converse com os técnicos”.
A reunião teria acontecido no Palácio do Alvorada e intermediada pela deputada Carla Zambelli (PL-SP). Delgatti receberia pagamentos para cumprir o plano. No encontro, eles teriam combinado que o hacker iria fazer um código-fonte próprio para mostrar a população que era possível invadir o sistema eletrônico de votação.
Ainda em 2022, o hacker da “Vaza Jato” teria ido ao ministério ao menos cinco vezes — a mando do ex-presidente, sendo levado pelo coronel Marcelo Câmara. Além disso, a autoria do relatório da pasta sobre as urnas teria sido inteiramente elaborado pelo hacker, com as informações dele.
A ideia era que Delgatti “inspecionasse” o código-fonte, mas não foi possível. No prédio da Defesa, o hackerteria conversado com o então ministro Paulo Sérgio Nogueira e com a equipe de T.I. da pasta.
Inicialmente, segundo Delgatti, Bolsonaro teria pedido a ele para que invadisse as urnas eletrônicas, mas o hackerexplicou que não era possível acessar o sistema de votação de fora do TSE. Então, o plano que ficou combinado foi a criação de um novo código. Bolsonaro ainda garantiu que, caso Delgatti fosse preso, daria um “indulto” a ele.
“Eu faria um código-fonte da urna para as pessoas verem que é possível apertar um voto e aparecer outro”, explicou Delgatti. Depois, em um telefonema com Bolsonaro, o ex-presidente teria garantido que ainda poderia mandar prender um suposto “juiz” para proteger o hacker.
“Você precisa fazer isso pelo povo”, teria dito Bolsonaro. “Se não, o resultado vai ser a ruptura, igual a Venezuela.”
Revista Oeste