Uso prolongado de remédios para o tratamento do refluxo gastroesofágico aumenta o risco de demência; estudo descobriu ligação em quem usa por mais de 4 anos
Nos Estados Unidos, pesquisadores da Universidade da Califórnia e da Universidade de Minnesota mediram o risco de demência em pessoas que tomaram, por mais de quatro anos seguidos, remédios para tratar o refluxo gastroesofágico. A conclusão é que, nestes casos, o medicamento aumenta a probabilidade para o declínio cognitivo — comum em muitas doenças, como o Alzheimer.
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“Embora não tenhamos encontrado um vínculo com o uso de curto prazo, encontramos um risco maior de demência associado ao uso prolongado dessas medicações”, afirma Kamakshi Lakshminarayan, pesquisadora da Universidade de Minnesota e uma das autoras do estudo, em nota. A pesquisa completa foi publicada na revista Neurology.
Remédio para refluxo gastroesofágico
Antes de entender como o estudo foi realizado, é importante compartilharmos algumas definições. Por exemplo, o refluxo gastroesofágico (DRGE) é o nome de uma doença marcada pelo retorno involuntário — e repetitivo — do conteúdo do estômago para o esôfago. Em muitos casos, o ácido estomacal também retorna, irritando as mucosas. Por causa disso, a pessoa costuma sentir uma sensação de queimação e ter ânsias, além do mau hálito. Outras complicações mais graves podem ocorrer, como pneumonias.
Para tratar a condição, é normal a prescrição de um tipo de remédio conhecido como inibidores da bomba de prótons (IBPs). Quando ingerido, o medicamento limita a produção de ácido no estômago, o que evita a sensação de azia e reduz os problemas gastrointestinais do refluxo.
Entre os remédios mais comuns com este mecanismo, estão:
- Omeprazol;
- Esomeprazol;
- Lansoprazol;
- Dexlansoprazol;
- Pantoprazol;
- Rabeprazol.
Impacto da medicação no risco de demência
Para medir a probabilidade de uma pessoa — que toma remédio para refluxo — em desenvolver a demência, os pesquisadores acompanharam 5,7 mil pessoas, com idades entre 45 e 64 anos. Do total de recrutados, 1,5 mil tomaram a medicação por mais de quatro anos.
Durante a primeira avaliação de saúde, entre os anos de 1987 e 1989, ninguém tinha diagnóstico positivo para o declínio cognitivo. No final do estudo, em 2017, os pesquisadores descobriram que o uso prolongado do medicamento para refluxo (cerca de 4,4 anos) implicava em um risco 33% maior para a demência.
Apesar dos resultados, “mais pesquisas são necessárias para confirmar nossas descobertas e explorar as razões para a possível ligação entre o uso prolongado de inibidores da bomba de prótons e um maior risco de demência”, afirma a pesquisadora Lakshminarayan.
De forma similar, “o uso a longo prazo foi associado em estudos anteriores a um maior risco de Acidente Vascular Cerebral [derrame], fraturas ósseas e doença renal crônica”, completa a pesquisadora.
Fonte: Neurology e American Academy of Neurology