O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, neste domingo (13), que as prisões de seus ex-auxiliares tiveram o objetivo de forçar delações premiadas e atingi-lo. As declarações foram dadas durante entrevista que ele concedeu a um canal no YouTube. Sorridente e descontraído, o ex-presidente não mencionou diretamente a operação da Polícia Federal deflagrada na sexta-feira (11), que investiga venda de joias que recebeu enquanto ocupava a Presidência.
Na sexta-feira, a corporação cumpriu mandados de busca e apreensão em quatro endereços ligados a seus aliados em busca de provas de um suposto esquema internacional de venda de joias e bens de alto valor com que Bolsonaro foi presentado em agendas oficiais. Para a PF, o ex-presidente estaria diretamente envolvido no esquema e teria recebido dividendos das transações em dinheiro vivo.
Sem falar especificamente na operação de sexta, Bolsonaro mencionou as prisões de pessoas de seu entorno, nomeando os ex-ajudantes de ordens, Mauro Cesar Barbosa Cid e Luis Marcos dos Reis. Os dois foram presos no dia 3 de maio no bojo da Operação Venire, que investiga fraudes nos cartões de vacinação do ex-presidente e sua filha.
“Eu tenho dois auxiliares diretos meus presos há 90 dias. Tenho dois que não eram diretos meus que estão presos ainda, são da ativa, que são o Cid (Mauro Cesar Barbosa Cid) mais o sargento Reis (Luis Marcos dos Reis).”
Em seguida, Bolsonaro disse que o objetivo das prisões seria forçar delações premiadas. “O objetivo é sempre uma delação premiada. Vai delatar o quê? E o outro (objetivo) é me atingir.”
Na entrevista, ele não deu detalhes sobre quem seriam os outros dois auxiliares diretos. Além de Mauro Cid e Reis, a Polícia Federal prendeu Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal na última sexta, e Ailton Barros, militar expulso do Exército, que na campanha passada se identificava como o “01” de Bolsonaro no Rio.
Antes de mencionar os aliados presos, Bolsonaro disse que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro “está indo muito bem” e falou dos manifestantes que também estão encarcerados. “Logicamente não esqueço o sofrimento das 200 e poucas pessoas. São seis meses presos.”
Vaquinha de R$ 17 milhões, isenções fiscais e inelegibilidade
Bolsonaro lembrou o episódio da vaquinha feita por seus apoiadores, que lhe rendeu mais de R$ 17 milhões em doações. A entrevistadora disse “o senhor é um fenômeno, é quase pop”, e o ex-presidente interrompeu “até o Pix revelou isso aí. Eu não pedi, mas agradeço. Foi uma iniciativa de muita gente”.
Por quase 30 minutos, o tema da conversa foram as medidas fiscais e as isenções tributárias concedidas na sua gestão. O ex-presidente reforçou que continuará atuando nos bastidores da política e nas próximas eleições. “O grande jogo vai ser em 2026. Vamos ter pelo menos um nome em cada estado. Uns 222”, disse, em referência ao número do Partido Liberal, ao qual é filiado. “Eu inelegível acho que posso trabalhar muito mais do que elegível.”
A entrevista encerrou com comentários sobre a indicação de André Mendonça ao Supremo Tribunal Federal e a suposta pretensão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), por uma vaga na Corte. Bolsonaro relembrou a “medalha dos três ‘is'” — imbrochável, incomível e imorrível, que usou para se referir a si mesmo — e disse “tira um e deixa infalível para Deus”.
R7