A Polícia Federal (PF) fez uma alusão ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL; foto) no nome da Operação Lucas 12:2, deflagrada na manhã desta sexta-feira (11).
Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão contra uma suposta associação criminosa que, na descrição da PF, usou a estrutura do Estado brasileiro para enriquecimento pessoal ilícito. “Os valores obtidos dessas vendas foram convertidos em dinheiro em espécie e ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores”, descreveu a polícia em nota.
A operação integra o inquérito da “milícias digitais”, no Supremo Tribunal Federal (STF), que atinge em especial aliados de Bolsonaro. O versículo Lucas 12:2 diz: “Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido”.
Esse trecho bíblico é semelhante a outro, João 8:23, usado constantemente pelo ex-presidente. Popularizado por Bolsonaro desde as eleições de 2018, João 8:23 diz que “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.
Dois dos mandados de busca e apreensão desta sexta ocorreram em Brasília, um em São Paulo e o último em Niterói, no Rio de Janeiro. Houve cumprimento de um mandado de busca e apreensão na vila militar da capital federal.
Os investigados são suspeitos de crimes de peculato e lavagem de dinheiro. Dentre os alvos, está o o tenente-coronel Mauro Cid (foto), ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro; seu pai, o general da reserva Mauro Lourena Cid; e Frederick Wassef, ex-advogado pessoal de Bolsonaro.
Dentre os alvos, está o pai do tenente-coronel Mauro Cid, o general da reserva Mauro Lourena Cid, e o ex-advogado de Jair Bolsonaro, Frederick Wassef.
O quarto alvo é o tenente Osmar Crivelatti, também ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Há a suspeita de que eles teriam envolvimento em um esquema para vender pelo menos parte das joias sauditas que foram recebidas pela Presidência da República na gestão Bolsonaro, após entraram ilegalmente no Brasil em 2019 com comitiva do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
Eles teriam usado contas bancárias irregulares para ocultar a origem do dinheiro, assim como a localização e os valores dos bens adquiridos.
Nesta semana, em investigação da CPMI do 8 de janeiro, vieram à tona e-mails em que Mauro Cid cotou o valor de joias recebidas pela Presidência da República após viagens internacionais de Jair Bolsonaro e seu staff.
Cid descreve um relógio Rolex como “um presente recebido durante uma viagem oficial” e pede US$ 60 mil, equivalente a quase R$ 300 mil na cotação atual.
A CPMI teve acesso a uma resposta de uma compradora enviada em 6 de junho de 2022. Na mesma data, documentos apontam que houve a liberação de um Rolex do acervo privado do então presidente Bolsonaro.
A comissão teve acesso a uma resposta de uma compradora escrita em inglês e datada de 6 de junho de 2022.
Como revelado pelo Estado de S. Paulo em março, uma comissão encabeçada pelo então ministro Bento Albuquerque, de Minas e Energia, tentou entrar ilegalmente no Brasil no final de 2019 com joias vindas da Arábia Saudita.
Sabe-se a existência de pelo menos três pacote de joias. Nenhum deles entrou legalmente no Brasil visto que a comitiva não declarou nenhum dos bens à Receita Federal quando pousou no Aeroporto Internacional de Guarulhos — eles precisavam ser declarados, independentemente de serem presentes oficiais da Presidência ou itens de caráter personalíssimo.
O terceiro kit incluía um Rolex de ouro branco, cravejado de diamantes e chegou ao acervo pessoal de Bolsonaro. O ex-presidente devolveu o kit à Caixa Econômica Federal em abril.
O Antagonista