Afastamento ocorreu após o episódio em que a deputada correu armada atrás de um homem em São Paulo às vésperas do segundo turno da eleição de 2022
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta segunda-feira (7) que, desde as eleições do ano passado, não teve contato com a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), uma de suas mais ferrenhas defensoras.
O “gelo” começou logo após o episódio em que a parlamentar apareceu em vídeo correndo pelas ruas de São Paulo com uma arma apontando para um homem com quem tinha discutido numa calçada.
Vídeo: PL não deve blindar Zambelli e aposta em cassação
“Ela queria falar comigo um tempo atrás, eu não respondi. Eu me recolhi desde o segundo turno das eleições, não falo com quase ninguém. Voltei há pouco tempo à quase normalidade da vida pública. Nada contra a Carla Zambelli, espero que ela explique tudo o que aconteceu.”
Parte dos apoiadores de Bolsonaro consideram o incidente da arma um fato determinante para a vitória de Lula sobre o ex-presidente.
Zambelli é investigada pela Polícia Federal na Operação 3FA, que apura uma possível invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para a inserção de um mandado de prisão falso contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Em depoimento dado no fim de julho, o hacker Walter Delgatti Neto, o mesmo que capturou trocas de mensagens entre o ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Lava Jato, admitiu a invasão e implicou Zambelli diretamente pela inserção da ordem de prisão fraudulenta contra Moraes. Segundo a PF, ele confirmou que houve ainda um encontro com Bolsonaro no Palácio do Alvorada em que o ex-presidente teria perguntado sobre a possibilidade de hackear uma urna eletrônica.
“Eu tive, ao longo do meu mandato, milhares de encontros. Se uma pessoa tem um problema e tem uma foto comigo, eu sou inquirido”, disse Bolsonaro sobre as acusações.