Arqueólogos encontraram, em 12/7, túneis ocultos em uma igreja católica, em Mitla, próximo a Oaxaca, no sul do México, o que chamaram de “passagem para o submundo” da civilização Zapoteca, que viveu no local entre o ano de 700 c.C até o início do século XV.
Segundo os pesquisadores do Projeto Lyobaa, foi usada uma tecnologia avançada, não invasiva, para escanear o solo e permitir a descoberta, que consistia em um complexo sistema de câmaras e túneis subterrâneos construídos há mais de mil anos pelos zapotecas.
“Lyobaa” significa “o lugar de descanso”. Segundo relatos orais passados tradicionalmente de geração para geração no México, esses túneis ocultos eram considerados uma “porta de entrada para a terra dos mortos”.
A base da construção zapoteca serviu, séculos depois, para a construção da igreja de São Paulo Apóstolo, já na era da dominação espanhola sobre o povo Asteca, entre 1519 e 1521.
A descoberta foi feita por uma colaboração de geofísicos, engenheiros, arqueólogos e especialistas em conservação do Instituto Nacional Mexicano de Antropologia e História (INAH) com a Universidade Autônoma do México e o Projeto ARX.
Através de um radar de penetração no solo, tomografia de resistividade elétrica e tomografia sísmica, um modelo virtual 3D foi desenvolvido pela equipe de pesquisadores nas ruínas subterrâneas.
Com as tecnologias, foi possível medir a reflexão de ondas eletromagnéticas e sísmicas quando passam pelas camadas do subsolo e outros materiais enterrados. Isso revelou um grande buraco abaixo do altar principal e duas passagens a ele conectadas, tudo a uma profundidade de 5 a 8 metros.
Os mesmos métodos já ajudaram a encontrar outros sítios arqueológicos mesoamericanos, como anormalidades em Teotihuacán que também indicam entradas ao submundo das culturas pré-colombianas.
As evidências da existência de um complexo arquitetônico substerrâneo na igreja católica apenas comprovam a engenhosidade do povo Zapoteca, que tinha o local enfeitado com impressionantes mosaicos, além de monumentos e tumbas repletas de “tesouros para o pós-vida”.
De acordo com os historiadores, este era o principal centro religioso dos zapotecas até o final do século XV, quando, conquistados pelo povo Asteca, abandonaram o lugar.
Os túneis encontrados se conectam à cultra Zapoteca e seu conceito de submundo, confirmando os relatos coloniais que falam de rituais elaborados e cerimônias feitas em Mitla — justamente nos locais subterrâneos relacionados ao culto dos mortos e dos ancestrais.
O complexo arquitetônico de Mitla, onde foi encontrada a estrutura relacionada ao submundo, fica a 44 km de Oaxaca, que foi o principal centro religioso da cultura pré-colombiana e ostenta, até hoje, mosaicos intrincados e bastante únicos.
Oaxaca é uma cidade importante no México e uma das principais na cultura do Dia dos Mortos, celebrado no país entre o fim de outubro e o início de novembro, e que é quando as pessoas vão aos cemitérios prestar homenagens aos seus parentes e também quando “as almas podem voltar do além para estar perto dos seus”.
Mas o Día de los muertos é muito mais do que um “Halloween” ou “Dia dos finados”. Ele tem origem nos povos ancestrais, como os astecas e os maias, e, inicialmente, era celebrado em agosto.
A mudança para a comemoração atual provém da conquista espanhola, que, chocados com os rituais pagãos, mudaram para algo mais próximo do “Dia de todos os santos”.
Na comemoração do Dia dos mortos, são feitas diversas homenagens, como os altares, as caveiras de açúcar, os esqueletos com roupas e adereços, as flores decorativas e a famosa “La Catrina” (A caveira de Catrina).
O Día de los muertos foi declarado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, em 2003. A celebração pode durar até sete dias, começando a festa por volta de 26 de outubro e indo até 3 de novembro.
Apesar de a data ser comemorada em todo o país, ela é mais tradicional nos seguintes locais: Aguas Calientes, Cidade do México, Morelos, Oaxaca e Quintana Roo.
Créditos: MSN.