“É preciso uma certa quantidade de hostilidade para avançar pelo mundo.” “Outras pessoas são ignorantes e ineptas.” “Ele vai se arrepender do que fez.” “Dar e receber amor é sinal de fraqueza.” “Se eu não cuidar das coisas, ninguém cuida.” “Uma vez que as coisas são ditas é o suficiente.”
Segundo os cardiologistas americanos Meyer Friedman e Raymond Rosenman, há quatro padrões de personalidade (A, B, C e D) com base em como as pessoas reagem a várias situações. Pensamentos como os do início do texto caracterizam um perfil de personalidade chamado tipo A.
Perfil de cada personalidade
Cada pessoa tem uma combinação de características, mesmo que predomine uma certa tendência. A personalidade do tipo B, por exemplo, caracteriza pessoas relaxadas, alegres, pacientes, despreocupadas, não competitivas e conformistas. A personalidade do tipo C define as pessoas que são sistemáticas, ponderadas, sensíveis e prudentes.
Qual tipo de personalidade pode aumentar risco de ataque cardíaco?
A personalidade do tipo D descreve pessoas embaraçosas, negativas, pessimistas e socialmente inibidas que evitam compartilhar emoções negativas. Tanto o padrão de comportamento tipo A quanto a personalidade tipo D são considerados fatores de risco cardiovascular, pois predomina uma maior tendência ao estresse, com repercussões na saúde.
Seus pensamentos tendem à rigidez, eles quase nunca estão satisfeitos, podem ter conflitos interpessoais por não se importarem com relacionamentos profundos e por não terem amigos íntimos.
No nível fisiológico, estão expostos a um estado de hiperalerta físico e mental que os faz ignorar as necessidades do corpo e subestimar o descanso. Este estado afeta seu sistema nervoso, faz com que sua frequência cardíaca, pressão arterial, tensão muscular, níveis de colesterol e triglicerídeos aumentem.
Pessoas com personalidade do tipo A são mais propensas a sofrerem ataque cardíaco
Especificamente para ataques cardíacos, uma alta porcentagem dos pacientes se identifica com a personalidade do tipo A. Muitos pacientes tentam suavizar esses traços de personalidade para reduzir o risco. É essencial conseguir uma atitude adequada porque, como disse o filósofo Sêneca, “o desejo de curar é metade da nossa saúde e o poder da mente deve ser levado em conta para alcançá-lo”.
O trabalho consiste em técnicas ou padrões de conduta para que aprendam a distinguir entre o que é prioritário e o que é secundário; diferenciar o que está e o que não está sob nosso controle; definir metas realistas e administrar o tempo adequadamente; aprender a verbalizar emoções positivas e negativas; inclua a prática do relaxamento ou meditação no dia a dia e pratique a gratidão.
Maneiras de controlar a raiva
Mas o que é mais difícil para os pacientes com personalidade tipo A é controlar a raiva e a agressividade. Aristóteles disse que “todo mundo pode ficar com raiva, isso é algo muito simples. Mas ficar com raiva da pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo propósito certo e da maneira certa, certamente não é tão fácil”. A agressão surge após um pensamento irracional como os do início do artigo ou se dura muito tempo, até explodir como uma panela de pressão.
Existem vários livros que ajudam a controlar melhor a raiva. Dos clássicos “On Anger” ou “The Art of Staying Calm: A Manual of Classical Wisdom on Anger Management”, de Sêneca, aos mais recentes como “Control your rage before it control you”, do psicólogo Albert Ellis. O objetivo seria aprender a não esperar tanto e a dizer as coisas o tempo todo, mas da forma adequada. Isso requer estar ciente das situações que fazem a raiva transbordar.
Às vezes é conveniente dizer a outra pessoa que você está começando a ficar nervoso e que vai dar um passeio até se acalmar. Outras vezes é melhor usar uma desculpa (ir ao banheiro um instante ou dizer que precisa sair). Durante o intervalo que dura o “tempo limite”, é bom realizar alguma atividade que ajude a diminuir a raiva.
Usar frases calmantes e realizar exercícios para se distrair
Use frases calmantes formuladas de forma positiva, ou seja, afirmações sobre o que você deseja alcançar: “Vou ficar calmo”. Alguns exercícios ajudam a se distrair: contar de 100 a zero de sete em sete. Concentrar a atenção em algum objeto da sala ou, se estiver na rua, em uma vitrine, também funciona. Da mesma forma, seria necessária uma reflexão profunda sobre as crenças irracionais que têm a ver com o desafio, o sucesso, a ambição, a forma como avalia os outros e a si próprio, que estão a condicionar o reforço deste padrão de comportamento do tipo A.
Isso é defendido em seu livro Coração e Mente por Luis Rojas Marcos e Valentín Fuster, que reafirmam a importância de rever as prioridades da vida. Se a saúde e a qualidade de vida importassem mais, o controle da raiva seria feito com mais facilidade.
Créditos: O Globo.