Segundo André Brás, do FGV, existe um risco de uma recessão moderada que pode levar o país para novos desafios econômicos em breve
A redução no preço do litro do óleo diesel nas refinarias da Petrobras nesta sexta-feira, 5, pode ser importante para ajudar a distensionar um pouco a inflação e o atual elevado custo de vida dos brasileiros. Segundo o economista da Fundação Getúlio Vargas André Brás, o diesel permeia quase toda a economia brasileira. Para ele, os índices de preços ao consumidor, dados pelo FGV, IBGE ou outros institutos, apontam o diesel com peso secundário para o bolso do consumidor. A maior parte das cargas que são transportadas pelas estradas do Brasil diariamente dependem desse fator para terem o frete definido. Com a redução do preço do diesel e outras reduções ainda previstas para os próximos dias, incluindo o próprio diesel e a gasolina, é possível que o preço de diversos produtos também caiam para o consumidor final, tendo impacto direto na inflação e, consequentemente, no custo de vida no país. “Sempre que a gente vê um insumo importante como o diesel caindo de preço, não deixa de ser uma boa notícia, só que os impactos ainda vão ser muito discretos. A gente percebe que o mundo está desaquecendo, há um risco de uma recessão moderada. E isso pode já ser sinal desse novo processo que vem por aí, dessa nova pressão. A gente pode esperar, quem sabe, novos recuos do preço do barril do petróleo, que tenderão a ajudar a desaceleração ou o peso dos combustíveis na inflação aqui do Brasil e do mundo”, comenta Brás.
O porteiro José Borges torce para que essas quedas nos preços dos combustíveis sejam contínuas e sucessivas e que chegue não só nas bombas dos postos, mas, principalmente, como consequência nas prateleiras dos supermercados. “O custo de vida está muito caro. Nós estamos atravessando uma fase muito difícil, está difícil para todo mundo. A tendência é cair mais, se fosse possível. Hoje, você vai no mercado, as coisas estão todas caras. Tem lugar que não tem nem preço, você procura e não encontra, só vê quando passa no caixa”, reclama. As altas da inflação e do custo de vida da população são fenômenos globais e, por isso, há quem enxergue a possibilidade de uma recessão na segunda metade de 2022 no hemisfério norte. País como Estados Unidos e Inglaterra vêm aumentando as taxas de juros para tentar conter as altas. No Brasil, o IPCA, que é a inflação oficial, está em quase 12%, bem acima da meta estipulada pelo governo, de 3,5%. É praticamente certo que a meta não será cumprida.