Com a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro declarada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o nome do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), passou a circular entre políticos como um dos mais fortes candidatos a ocupar o vácuo deixado à direita do espectro político. Ele, afinal, foi eleito e reeleito no segundo maior colégio eleitoral do país, onde tem boa aprovação, e exerce o segundo mandato, sem possibilidade de reeleição, ao contrário do governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), também cotado para disputar a eleição presidencial de 2026.
Aliados de Zema afirmam que, no momento, ainda não estão em curso articulações específicas para fazer dele um presidenciável. Estes interlocutores dizem ser momento de “abrir portas e fazer pontes políticas”, enquanto o governador mineiro planeja um segundo mandato com mais entregas de obras, depois de concentrar os primeiros quatro anos no cargo para “arrumar a casa e fechar a torneira de gastos”.
“Qualquer projeto nacional passa por Minas dar certo. Se o nome do governador for o mais viável, ele não é homem de correr da raia”, diz o secretário da Casa Civil e articulador político de Zema, Marcelo Aro, que cita Ronaldo Caiado (União-GO), Eduardo Leite (PSDB-RS), Ratinho Junior (PSD-PR) e Raquel Lyra (PSDB-PE) como nomes fortes do mesmo espectro.
A estratégia para uma eventual campanha nacional, segundo dizem reservadamente outras fontes, incluiria, naturalmente, uma busca pelos votos de Bolsonaro com uma roupagem de centro-direita e antipetista, mas mostrando que Romeu Zema tem as próprias ideias e não é um bolsonarista.
Enquanto o Novo, partido de Zema, flexibiliza alguns de seus dogmas, como o veto ao uso de dinheiro público, para sobreviver politicamente, como mostra reportagem de VEJA desta semana, o discurso mais comum atualmente no entorno do governador é o de que ele não vai sair do partido. Ele tem sido cortejado por siglas robustas, como PL e PP, com vistas a 2026. “Esse assunto só vai voltar em 2025, até lá nem para os partidos nem para ele faz sentido uma mudança. Esperamos que o Novo esteja forte para que esse assunto não prospere”, diz o vice-governador de Minas, Mateus Simões, também do Novo. Embora tenha feito ajustes, trata-se de um partido pequeno, com pouco dinheiro e sem direito a propaganda na TV e participação em debates, obstáculos expressivos em uma campanha nacional.
Políticos de outros partidos avaliam que, mineiramente, Zema adota a postura mais lógica porque a única explicação para admitir sair do Novo agora seria uma candidatura presidencial, e isso o colocaria na linha de tiro do PT três anos antes. O mineiro sempre teve reservas às limitações impostas pelo Novo. Costuma dizer que, com a proibição de doações empresariais em 2016, disputar eleições sem recursos públicos é como ir à guerra sem usar pólvora.
Fonte: Veja.