Nome do Republicanos, sigla do Centrão, Silvio Costa Filho é antigo apoiador de Lula
Foram poucos os momentos em que o congressista se contrapôs ao PT ao longo de sua trajetória. Durante o governo anterior, ele fez alguns acenos a Bolsonaro, elogiando medidas econômicas e se reunindo com o então ministro da Economia, Paulo Guedes. O deputado também foi o relator do projeto que deu autonomia ao Banco Central, medida que tem sido criticada por Lula. As raras diferenças apareceram em pautas ideológicas: o parlamentar votou a favor da liberação de armas a trabalhadores do campo e a favor da educação domiciliar (homeschooling).
Apesar disso, o deputado não considera que essas posições o afastem do atual governo.
— Sempre estive ao lado do presidente Lula — assegura. — Nós votamos as medidas econômicas para ajudar no momento da pandemia, que infelizmente o Brasil e o mundo enfrentaram. Entendo que a autonomia do Banco Central melhorou a imagem internacional do Brasil com os agentes econômicos, mas concordo com o presidente Lula que é urgente a redução das taxas de juros para a ampliação do crédito e a retomada do crescimento econômico do Brasil.
Silvinho, como é conhecido na Câmara, remou na contramão de seu partido na última eleição e apoiou Lula, mesmo após a sigla anunciar que trabalharia pela reeleição de Jair Bolsonaro. Em 2021, ele chegou a afirmar que o petista era “o maior político do país” e previu seu retorno ao Planalto. Em 2016, ele abriu mão da pré-candidatura a prefeito de Recife para ser vice em uma chapa que tinha como cabeça de chave um candidato do PT.
A proximidade de Silvio Costa Filho com o Partido dos Trabalhadores começou por influência do seu pai, o ex-deputado federal Silvio Costa, que durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff era filiado ao PTdoB e foi vice-líder do governo, posicionando-se como um dos principais defensores da ex-presidente. O nome de Silvinho como a indicação do Republicanos para compor a Esplanada de Lula passou a ser dado como certo após uma reunião entre ele e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
No Republicanos, a possível cadeira no governo Lula não é vista com bons olhos por todos. Há parlamentares contrários à indicação. Interlocutores da legenda garantem que a bancada da sigla vai continuar independente no Congresso e que os filiados mais alinhados ao bolsonarismo — como a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) — não serão punidos por manterem seus posicionamentos.
Caso o convite seja confirmado por Lula, não será a primeira vez que Silvio Costa Filho integra um governo de esquerda. Em 2007, ele foi secretário de Turismo do governador Eduardo Campos (PSB), que morreu em 2014 após um acidente aéreo. Sua saída do cargo, no entanto, se deu em meio a um escândalo, após sua pasta ser alvo de uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE) pelo caso que ficou conhecido como Shows Fantasmas.
Foram apontadas irregularidades na realização de duas festas no estado, o Festejos Natalinos e Verão Pernambuco, que receberam emendas via Ministério do Turismo, mas acabaram não sendo realizados como prometidas. O político, que durante as investigações chegou a ter os bens bloqueados a pedido do Ministério Público Federal (MPF) e recebeu uma multa do Tribunal de Contas de R$ 6 mil em primeira instância, recorreu das decisões e foi inocentado ao final das tramitações judiciais.
Silvinho também foi alvo de uma investigação por irregularidade na apresentação de notas fiscais para prestação de contas de seu gabinete, enquanto era vereador, e mais uma vez inocentado das acusações.
O Globo