O empresário Saul Klein, filho do fundador da Casas Bahia, foi condenado pela Justiça do Trabalho a pagar R$ 30 milhões, após acusações de que ele teria explorado sexualmente e submetido à condição análoga a escravidão centenas de mulheres. A decisão foi divulgada nesta sexta-feira (14/7), e é a maior condenação por tráfico de pessoas em todo o país.
Segundo as investigações, o empresário de 65 anos cooptava jovens entre 16 e 21 anos, em situação de vulnerabilidade social e econômica, com a falsa promessa de que trabalhariam como modelos. As vítimas eram mantidas em cárcere privado em um sítio de Klein em Boituva (SP), e obrigadas a manter relações sexuais com ele.
A condenação atende a pedido do Ministério Público do Trabalho (MPT) — o processo corre na Justiça sob sigilo.
Ameaça armada
Após serem aliciadas, as jovens eram mantidas sob ameaça e constante vigilância armada, sem acesso ao celular. A investigação aponta ainda que as vítimas foram contaminadas com infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), conforme atestado emitido por uma ginecologista que as atendia durante festas que o empresário fazia no local.
O Ministério Público chegou ao número provável de cerca de 100 vítimas, após depoimento de uma médica ginecologista que atendia as jovens durante festas sexuais promovidas pelo empresário no sítio.
A profissional de saúde relatou ter atendido quase uma centena de mulheres infectadas com ISTs. A maior parte das vítimas foi diagnosticada com o papilomavírus humano (HPV), que pode levar ao câncer de colo de útero.
As denúncias chegaram ao MPT a partir de mediação da ONG Justiceiras, além de reportagens jornalísticas.