Rocha tem 4,56 bilhões de anos e foi encontrada em Portelândia no dia 17 de julho; ela será estudada e informações serão enviadas ao comitê The Meteoritical Bulletin Database
O meteorito que caiu no interior de Goiás é tão antigo quanto o Sistema Solar, ou seja, tem 4,56 bilhões de anos, de acordo com a pesquisadora do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Amanda Araujo Tosi, que analisou a rocha.
A peça caiu em Portelândia no dia 17 de julho. Na ocasião, o meteorito do tipo condrito ordinário, com peso aproximado de 250g, foi encontrado em uma fazenda do município após danificar o forro de uma propriedade durante a queda.
“Os meteoritos do tipo condrito são meteoritos oriundos de asteroides que possuem sua composição praticamente intacta desde a sua formação, que foi quando o Sistema Solar começou a se formar. Assim, eles são os tipos de meteoritos mais primitivos que existem e têm a idade do nosso Sistema Solar, de 4,56 bilhões de anos”, explica Amanda.
Os meteoritos do tipo condrito ordinário são os mais comuns que caem na Terra, no entanto, é difícil presenciar uma queda deles, já que “estatisticamente, a maioria [dos meteoritos] caem nas extensas porções de água do planeta; cair em área habitada é extremamente raro, cair numa casa ainda mais”, diz o técnico do Laboratório de Física da Universidade Federal de Jataí (UFJ), Thiago Lima, que também fez a análise do meteorito.
Meteoritos e o comércio de rochas raras
Para os dois acadêmicos, o Meteorito de Portelândia, como ficou conhecido, tem um grande valor científico. Isso porque ele é apenas o nono recuperado no Brasil nos últimos 12 anos.
“Como são rochas do Sistema Solar primordial, eles têm valor científico inestimável porque nos trazem informações da composição desses ‘tijolos de construção’ dos planetas, que vagam há bilhões de anos, desde a explosão da estrela que deu origem ao nosso sistema planetário”, diz Lima.
Por meteoritos serem um achado exótico, algumas pessoas tentam comercializá-los, entretanto, para Amanda, uma lei deveria regulamentar a propriedade e o comércio dos meteoritos brasileiros, para que não haja perda de patrimônio e, consequentemente, prejuízos à ciência.
Pesquisa
Atualmente, o meteorito é pesquisado pelo curso de Física da UFJ em parceria com as Meteoríticas da UFRJ para, posteriormente, as informações de estudo serem enviadas ao comitê The Meteoritical Bulletin Database.
A ideia, segundo os pesquisadores, é cadastrá-lo no catálogo brasileiro de meteoritos, oficialmente, como o Meteorito de Portelândia.