O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), termina a semana do lado vitorioso na reforma tributária. Mas o apoio ao projeto, contra o discurso de Jair Bolsonaro de que se tratava de uma “reforma do PT”, tem um custo que será calculado melhor ao longo das próximas semanas pelo ex-ministro da Infraestutura.
Tarcísio foi acuado em reunião da bancada do PL por defender a aprovação da reforma, ainda que com modificações, e virou alvo do deputado e ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (SP). Preterido pelo partido na disputa pela Prefeitura de São Paulo, Salles pôs na balança a atuação dos “ministros ideológicos” do governo passado e a de Tarcísio, o construtor de estradas que acabou ganhando mais prestígio.
Após a aprovação da reforma, o deputado voltou ao ataque. “Com essa reforma meia boca, aprovada a toque de caixa, o Brasil em breve ficará 95% fudido (sic). Gravem bem os nomes de quem ajudou a realizar e viabilizar essa cagada”, escreveu em seu perfil no Twitter.
Os 95% são uma referência a um comentário feito por Tarcísio na véspera da aprovação — o governador disse concordar com 95% da proposta. O percentual já havia aparecido em tuíte de Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação Social de Bolsonaro. Ele dizia que o ex-presidente segue mais forte do que nunca, que “filhos, base, aliados de primeira hora, amigos próximos e distantes” estão “fechados com ele” e que é isso que importa. “O resto é 95% desprezível”, finaliza a mensagem.
Tarcísio era tido até esta semana como o herdeiro natural do capital político de um ex-presidente que não poderá concorrer a cargos eletivos pelos próximos oito anos. Terá testado agora seu jogo de cintura para não perder um apoio que pode levá-lo um dia ao Palácio do Planalto. Destaque-se, por enquanto, que o governador não apareceu para celebrar a vitória de que participou.
Créditos: O Antagonista.