Em uma crise que se agravou com o rombo contábil de mais de R$ 20 bilhões, descoberto em janeiro, e o processo de recuperação judicial iniciado em seguida, o ano de 2023 não está bom para a Americanas.
O relatório mensal dos administradores judiciais da companhia mostra que desde janeiro até 18 de junho, a varejista fechou 43 lojas no país, e, entre dezembro e maio, a Americanas perdeu quase 10% dos clientes ativos — o número passou de 49,1 milhões para 44,2 milhões, ou seja, quase 5 milhões de clientes.
Das lojas, o total fechado corresponde a um recuo de 2,3% dos 1880 estabelecimentos existentes no início do ano.
O relatório mensal feito pelos escritórios Preserva-Ação Administração Judicial e Escritório de Advocacia Zveiter mostrou ainda que o número de funcionários da varejista saiu de 40,4 mil em março para 37 mil em junho, uma queda de 8,5%, que corresponde a mais de 3,4 mil empregados.
Segundo o documento dos administradores judiciais, em junho de 2022, o prazo médio de pagamento aos fornecedores era de 97 dias e chegou a 122 dias em dezembro. Porém, com a recuperação judicial, caiu para apenas quatro dias em maio de 2023. No documento, a varejista afirma que estabilizou as operações e retomou o fornecimento “com praticamente todos os fornecedores”.
O texto indica também que o total investido pela Americanas em suas operações em maio de 2023 foi de aproximadamente R$ 4,7 milhões, valor 95% menor do que a média de investimentos realizados entre junho e dezembro de 2022.
Na segunda-feira 3, as ações da Americanas encerraram o pregão na B3 cotadas a R$ 1,19, ante R$ 9,65 em dezembro de 2022, uma queda de 87,6%. O valor de mercado da varejista saiu de R$ 8,7 bilhões para R$ 1,07 bilhão nesse período, segundo dados da Bloomberg.
A Americanas pediu recuperação judicial em 19 de janeiro, com dívidas superiores a R$ 43 bilhões com 16,3 mil credores. Em 13 de junho, citando um relatório independente, feito por advogados da empresa, admitiu fraude da diretoria anterior.
Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi instaurada na Câmara para investigar a situação da varejista. O presidente da empresa, Leonardo Coelho Pereira, afirmou, na CPI, que a fraude teria suposta conivência das empresas que deveriam fazer auditoria e de bancos.
Leonardo Coelho Pereira, presidente da Americanas, em depoimento à CPI da Americanas | Foto: Agência Câmara
Créditos: Revista Oeste.