Foto: Ricardo Stuckert
O jornal Estado de S. Paulo criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por mobilizar sua equipe de segurança para cercar jornalistas, literalmente, e dificultar o acesso desses profissionais a ele e a outras autoridades.
No editorial, publicado nesta sexta-feira, 9, o jornal afirmou que havia a expectativa de que o presidente retomasse uma relação mais civilizada com os jornalistas. “A ojeriza de Lula à liberdade de imprensa é uma velha conhecida dos jornalistas que honram o ofício, ou seja, aqueles que não se deixam seduzir pela parolagem dos poderosos de turno e se põem diante deles com firmeza e coragem para fazer as perguntas incômodas.”
O Estadão classificou o petista como “aquele que supostamente veio para ‘salvar a democracia’ no país”. Segundo o jornal, Lula tem revelado a mesma hostilidade ao trabalho dos jornalistas que seu antecessor no cargo, Jair Bolsonaro.
“Lula se mostra disponível para responder às perguntas quando e de quem ele quer, como se não estivesse obrigado pela Constituição a governar com transparência quase absoluta”, criticou.
O jornal lembra que a violência maior no cerco à imprensa é sempre cometida contra a sociedade, que, “ao fim e ao cabo, se vê privada das informações que governantes preferem manter ao abrigo da luz.”
“Quem não está disposto a carregar o fardo do escrutínio incessante — ainda que firme, jamais malcriado —, que nem se aventure a ingressar no serviço público ou a disputar uma eleição.”
Segundo o Estadão, o cercadinho a jornalistas pôde ser testemunhado após a cúpula de presidentes da América do Sul, realizada no Palácio Itamaraty há poucos dias. Na ocasião, jornalistas que tentaram se aproximar do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, foram agredidos e contidos“por seus jagunços”
A contenção é direcionada aos jornalistas, afirma o jornal. “Isso fica comprovado quando se nota que o cercadinho, montado pelo Gabinete de Segurança Institucional a pretexto de ‘proteger’ as autoridades durante as solenidades oficiais, não impede, ora vejam, que blogueiros simpáticos ao governo, militantes petistas e apoiadores do presidente se aproximem tanto de Lula como da primeira-dama, Janja da Silva, e de ministros de Estado para cumprimentá-los e tirar fotos.”
“Não é de agora que o PT e Lula, em particular, são obcecados pela ideia de uma imprensa encabrestada”, critica o editorial.
“Volta e meia os petistas regurgitam seu plano de instituir no país o que chamam de ‘controle social da mídia’, um eufemismo nada sutil para censura. O partido jamais lidou bem com a liberdade de imprensa. O sonho dos petistas é um jornalismo sabujo, achado no chão.”
Revista Oeste