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O Nubank entrou na onda de demissões em massa que afetam as empresas de tecnologia, incluindo as startups brasileiras. Em nota publicada nesta nesta quarta-feira, 7, a companhia afirma que demitiu 296 pessoas em processo de “reestruturação” da empresa, que tinha 7,8 mil funcionários em março.
O banco digital afirma que os cortes afetam a área de operações, que precisava passar por uma “centralização” para manter o ritmo de crescimento da empresa, diz a nota. “Algumas funções e posições se tornaram redundantes”, diz o documento.
O Nubank diz que vai pagar as rescisões devidas aos funcionários, extensão de benefícios de saúde e ajuda para conseguir novo emprego. A startup garante que não vai haver prejuízo no serviço oferecido em seus produtos.
“Neste momento, nenhuma outra reestruturação é contemplada. Em outras áreas de negócios, o Nubank continua a seguir o ritmo normal de contratações baseadas nas necessidades do negócio e da performance dos empregados”, diz o comunicado.
As demissões desta quarta-feira se somam a cortes pontuais que ocorreram no Nubank nos últimos meses, de acordo com relatos feitos em redes sociais como o LinkedIn. A empresa, no entanto, sempre afirmou se tratar de cortes por eficiência.
As demissões ocorrem a menos de uma semana de o Nubank iniciar um patrocínio milionário no principal telejornal da TV Globo, o Jornal Nacional. Segundo comunicado enviado pelo banco digital em 1.º de junho, uma série de inserções de 10 a 30 segundos estão planejadas para até janeiro de 2024.
Fundado em 2013, o Nubank é o maior “campeão nacional” no mundo da tecnologia no Brasil. A startup de serviços financeiros recebeu aportes milionários de investidores de peso até abrir capital na Bolsa americana em 2021.
Em maio, o banco digital registrou lucro líquido ajustado de US$ 182,4 milhões no primeiro trimestre deste ano, número 18 vezes maior do que o registrado em 2022, de US$ 13 milhões.
Ao todo, o Nubank possui 80 milhões de clientes. Atualmente, o banco digital foca em expandir seus serviços para a Colômbia e México, principais mercados para manter o ritmo de crescimento, diz a empresa.
Nesta quarta-feira, o banco comemorou a marca de 1 milhão de clientes com contas no México.
Crise entre ‘unicórnios’
Conhecidas por contratar centenas de funcionários ao mês, as startups têm realizado milhares de demissões pelo mundo — o fenômeno não é exclusivo do Brasil. O período tem sido batizado de “inverno das startups”, após a onda positiva causada pela digitalização da pandemia nos últimos dois anos.
Segundo especialistas consultados pelo Estadão, as demissões ocorrem como reajuste de rota em meio à alta global nos preços e à guerra da Ucrânia, que desorganiza a cadeia produtiva mundial. Nesse cenário, investidores viram as costas para investimentos de risco, como startups. Com isso, levantar rodadas tem sido mais difícil do que durante a pandemia, quando o apetite dos investidores por risco era maior.
O processo tem sido especialmente duro com as startups maiores, que estão no momento conhecido como “late stage”. Nesse estágio de maturidade, as empresas queimam dinheiro velozmente na tentativa de crescer e ganhar mercado – sem o dinheiro, elas precisam preservar caixa para sobreviver.
Entre os unicórnios nacionais que já fizeram demissões em massa nos últimos meses estão 99, Loggi, QuintoAndar, Loft, Facily, Vtex, Ebanx, MadeiraMadeira, Mercado Bitcoin, Olist, Unico, Hotmart, Dock e Wildlife. A mexicana Kavak, maior unicórnio da América Latina, também fez cortes severos na operação brasileira.
O mais recente dos unicórnios a demitir foi o iFood, que dispensou 355 pessoas, e a Loft, em quarta rodada de cortes.
Estadão