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Muita gente tem medo de perder o emprego para o ChatGPT. Mas, se você está a procura de um trabalho, acredite: o robô de bate-papo desenvolvido pela startup americana OpenAI pode, sim, ser um grande aliado nessa empreitada.
De acordo com uma pesquisa da plataforma Resume Builder com mil candidatos a vagas de emprego, quase metade (46%) disseram usar o ChatGPT para elaborar seus currículos ou fazer cartas de apresentação.
Segundo o levantamento, 78% dos candidatos que utilizaram o ChatGPT durante o processo seletivo foram chamados para entrevistas e 59% acabaram contratados.
Entre as principais colaborações da inteligência artificial (IA) ao candidato que busca um emprego, estão a capacitação para as entrevistas, o aprimoramento das habilidades de escrita, a ajuda em pesquisas sobre a empresa e a economia de tempo e dinheiro.
“O ChatGPT é uma ótima ferramenta para você entender o que é um template de um currículo ou como se faz uma carta de apresentação ou recomendação”, afirma Carolina Utimura, CEO da Eureca – consultoria de recrutamento voltada a políticas de inclusão de jovens no mercado de trabalho.
“Também pode ser uma ótima ferramenta de curadoria de conteúdo. Hoje temos uma abundância de informações e fica difícil entender o que priorizar para a entrevista”, diz Utimura.
Com o ChatGPT ou outros dispositivos de IA, o postulante a uma vaga de emprego também pode economizar. “Se você não sabe algo que a vaga exige, tem como aprender por meio do ChatGPT. Não precisa recorrer a cursos pagos, por exemplo. Pode pedir para o ChatGPT criar um curso sobre aquele tema para você se qualificar para a vaga”, sugere Tiago Morelli, criador do ZapGPT, uma iniciativa brasileira que integra a IA com o WhatsApp.
Para as empresas, a IA também contribui ao trazer agilidade e eficiência ao processo de recrutamento. “Uma boa parte do trabalho de Recursos Humanos pode ser automatizado”, diz Morelli. “Para um recrutador que fala com 10 ou 20 candidatos, já existe IA que seleciona todas essas conversas e reuniões, monta a ata, resume em cinco pontos e mostra os prós e os contras de cada candidato.”
Qual é o limite?
Apesar dos benefícios tanto para candidatos quanto para recrutadores, o uso do ChatGPT nos processos seletivos requer bom senso e deve ser feito com moderação, segundo os especialistas ouvidos pelo Metrópoles.
Depender totalmente da IA para interagir com o possível contratante pode “travar” o candidato, diminuindo sua autenticidade.
“Como qualquer tecnologia, precisamos ter cuidado. O principal é que um processo seletivo sempre deve ser uma relação muito transparente. Eu preciso entender quem é aquele empregador, assim como a empresa precisa conhecer quem é o candidato”, afirma Utimura.
“Eu recomendo que as pessoas usem essa tecnologia muito mais para entender as práticas do mercado e reunir informações. O conteúdo em si deve ser do candidato: o que ele já fez, as suas habilidades, suas experiências, resultados e interesses”, observa. “Essa autenticidade precisa ser percebida durante todo o processo. Até porque, no meio da entrevista, a pessoa não vai poder consultar o ChatGPT para saber qual é a resposta sobre determinada pergunta.”
Para Morelli, o limite para o uso da IA nas entrevistas de emprego “é aquele que o mercado demanda”. “No fim do dia, você estará concorrendo com pessoas que estão usando o ChatGPT no cotidiano. Como competir com essa pessoa?”, questiona. “O limite é o quanto o candidato está ávido por aquela vaga. O quanto está disposto a se aperfeiçoar para conseguir o emprego.”
Créditos: Metrópoles.