Dois dias de silêncio do presidente Lula e das principais mulheres com cargos de destaque no governo petista mostram que a agressão sofrida pela jornalista Delis Ortiz, da TV Globo, no Palácio Itamaraty, na noite desta terça-feira, 30, por seguranças do ditador venezuelano, Nicolás Maduro, foi ignorada. O governo deve estar ainda à procura de uma narrativa para minimizar o soco no peito da repórter brasileira, como destaca a couluna do jornalista Cláudio Humberto desta quinta-feira, 1.
Nem Gleisi Hoffmann, deputada federal e presidente nacional do PT, nem Simone Tebet, ministra do Planejamento, nem Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e Anielle Franco (Igualdade Racial) e nem a primeira-dama, Janja Silva, notabilizadas por frequentes discursos em defesa dos direitos das mulheres, tocaram no assunto ao longo desses dois dias. Até mesmo o ministro dos Direitos Humanos deixou o episódio de lado.
Tebet costuma se manifestar enfaticamente sobre a liberdade de imprensa, como fez ao longo do período eleitoral de 2022, em especial falando sobre o papel das mulheres na cobertura jornalística. Em agosto do ano passado, ela publicou uma nota de desagravo à jornalista Vera Magalhães, crítica de Jair Bolsonaro, após o ex-presidente respondê-la de forma áspera durante um debate entre os presidenciáveis.
Um dos raros posicionamentos veio da ministra Cida Gonçalves (Mulheres), que se manifestou nesta quarta-feira, 31, durante evento, repudiando “toda e qualquer agressão contra jornalistas” e se solidarizando com a repórter. Janja estava ao lado da ministra das Mulheres, fez discurso, mas não citou o caso de Delis Ortiz.
Diário do Poder