foto: Ricardo Stuckert
Aerolula comprado pelo petista em 2005 só leva até 39 passageiros e tem autonomia de voo reduzida; novo equipamento foi adquirido para uso militar por Bolsonaro, faz voos transcontinentais e terá aposentos maiores para Lula e Janja
Depois de realizar 10 viagens internacionais, passar 26 dias fora do Brasil e fazer uma reunião em Brasília com líderes latino-americanos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT), 77 anos, decidiu trocar o avião que serve ao Palácio do Planalto. O petista testou e gostou de um equipamento maior e pediu que a FAB (Força Aérea Brasileira) faça uma reforma para adaptá-lo. O projeto inicial será apresentado ao presidente nesta 4ª feira (31.mai.2023) durante almoço com o alto comando da Aeronáutica.
O novo avião será um Airbus A330-200, comprado em 2022 pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) por US$ 80 milhões (cerca de R$ 400 milhões pela taxa de câmbio atual), da companhia aérea Azul. Substituirá o atual “Aerolula”, um Airbus A319CJ. O A330-200 havia sido comprado para uso militar, inclusive com a previsão de ser equipado para abastecer caças em voo. Há algumas restrições na FAB em relação a ceder o novo avião, mas Lula já decidiu e a troca será efetuada.
O objetivo principal e oficial é ganhar mais autonomia nas viagens presidenciais, especialmente as intercontinentais, o que daria a Lula também maior conforto. O Ministério da Defesa elaborou o projeto, que ficará a cargo da Aeronáutica.
O “Aerolula” atual tem compartimentos para o casal presidencial (quarto e banheiro privativo, com chuveiro), mas é um avião mais apertado. No novo equipamento, o aposento com cama de casal será maior. E haverá também uma sala mais ampla para reuniões durante a viagem, quando Lula poderá receber os convidados para conversar.
Segundo o Poder360 apurou, o item mais caro a ser instalado deverá ser o sistema de internet a bordo. Isso porque toda a fuselagem teria de ser desmontada para que os cabos pudessem passar pela aeronave. Ocorre que esse item é imprescindível, pois o presidente não poderia passar até 12 horas sem ter como se comunicar com Brasília.
A atual aeronave presidencial tem capacidade de voo de cerca de 7.000 km. Já a substituta poderá percorrer o dobro de distância non-stop. Isso fará com que o presidente perca menos tempo em seus deslocamentos, já que poderá fazer menos escalas, especialmente nas viagens para a Ásia. Essas paradas costumam ser mais demoradas do que em voos comerciais. Por motivos de segurança, a checagem do jato presidencial é completa e não só para abastecer.
Quando foi à China, em abril, Lula fez escalas em Lisboa, Portugal, e Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, antes de chegar a Xangai. Na volta, partindo de Pequim, o presidente parou novamente nos 2 países. Os trajetos demoraram mais de 30 horas.
Na viagem ao Japão, em maio, o chefe do Executivo parou na Cidade do México e no Alasca, Estados Unidos, antes de desembarcar em Hiroshima. Na volta, também parou nos mesmos lugares. Neste caso, o presidente e sua comitiva tiveram cerca de 26 horas de viagem.
Diante do longo tempo de deslocamento, integrantes do governo começaram a discutir uma solução. Com a idade avançada, Lula tem ficado muito cansado com as longas viagens, segundo relatos.
O futuro novo avião presidencial também poderá aumentar o número de pessoas a bordo. Os aviões comerciais desse modelo, o A330, comportam até 268 passageiros e são geralmente usados pelas companhias aéreas para voos entre continentes. A versão do A319 usado por Lula, o VC-1, tem uma capacidade de levar até 39 passageiros em operações comerciais.
Atualmente, o “Aerolula” conta com uma cabine presidencial equipada com cama e um banheiro privativo para o presidente e a primeira-dama, Janja Lula da Silva. Há também uma área reservada com duas mesas e 8 lugares. Ali, o presidente pode ter conversas privadas durante o voo. Há ainda 16 poltronas para levar as principais autoridades que acompanham o presidente e a tripulação.
Lula quer aumentar o número de convidados em viagens, especialmente deputados e senadores, para se aproximar do Congresso e para prestigiar aliados. Um avião maior será útil para essa estratégia.
Lula já usou o A330 para ir aos Estados Unidos em fevereiro quando se reuniu com o presidente norte-americano Joe Biden em Washington. Por ser um voo mais curto e rápido, o presidente optou por usar esta aeronave –mesmo não tendo cama a bordo. Ainda assim, foi uma correria nas vésperas da viagem para instalação de novos filmes de entretenimento para o presidente e seus acompanhantes assistirem durante o trajeto.
Já na viagem à China, o A330 levou a comitiva de mais de 73 pessoas, dentre ministros e congressistas que acompanharam Lula na visita ao presidente chinês Xi Jinping, em Pequim. Mesmo tendo maior autonomia, o avião seguiu a aeronave presidencial e fez as mesmas duas escalas.
De acordo com integrantes do grupo, o avião partia sempre cerca de 2 horas depois de Lula. A diferença de tempo é uma medida de segurança para caso o presidente precisasse retornar para o ponto de onde decolou.
AEROLULA
A atual aeronave presidencial foi comprada por Lula em 2005, no seu 1º mandato. Ela substituiu o então “Sucatão”, um Boeing 707, com a nomenclatura KC137, que havia sido comprado pelo ex-presidente José Sarney e usado pela Presidência de 1986 a 2005. É considerada uma aeronave militar. O avião foi batizado de Santos Dumont, mas é conhecido por seu apelido derrogatório, “Sucatão”, pois apresentou vários problemas durante os anos em que foi usado pelo Planalto.
Além do “Aerolula”, o presidente tem à disposição uma frota de helicópteros e aviões de diferentes tamanhos. Todos são de responsabilidade da FAB (Força Aérea Brasileira) e integram o Grupo de Transporte Especial.
A330 COMPRADOS POR BOLSONARO
Em janeiro de 2021, o então presidente Jair Bolsonaro anunciou em uma transmissão on-line que compraria aviões cargueiros para reforçar a capacidade da FAB. Durante a pandemia, a Aeronáutica enfrentou dificuldades para atender demandas no país, especialmente na crise da falta de oxigênio em Manaus (AM), quando não conseguiu transportar cilindros de oxigênio e precisou recorrer às empresas aéreas.
A compra dos 2 aviões, no entanto, só foi anunciada oficialmente em abril de 2022. Ambos deveriam ser convertidos para versões militares com capacidade para reabastecer caças em voo, mas ainda não passaram por tal modificação –embora tudo já tenha sido requerido e orçado pela Airbus, que fará as alterações desejadas pelo governo brasileiro. A compra foi feita por licitação pela Comissão Aeronáutica Brasileira em Washington, nos Estados Unidos.
Poder 360