O banco central da Argentina fez um aumento extraordinário de 800 pontos-base em sua taxa básica de juros, a maior em três anos, à medida que a inflação acelera em meio a uma crescente crise política, relata a Bloomberg.
A autoridade monetária aumentou sua taxa de referência Leliq para 60%, informou em comunicado nesta quinta-feira. A taxa efetiva anual, que contabiliza os juros compostos, atingiu 79,8%.
Os investidores têm pedido uma política monetária mais apertada, já que a taxa básica – tanto a taxa básica quanto a efetiva – ficou atrás da inflação anual que deve chegar a 70% em julho. Os preços ao consumidor vêm subindo mais rapidamente desde que o ministro da Economia, Martin Guzman, renunciou no início do mês, abrindo uma crise política que levantou questões sobre o futuro de um programa de US$ 44 bilhões com o Fundo Monetário Internacional.
O acordo do FMI exige que a taxa básica exceda a inflação anual e estabelece metas de crescimento para as reservas internacionais, que só diminuíram este mês, à medida que os argentinos continuam a sacar dólares de suas contas bancárias.
A decisão de aumentar as taxas foi comunicada aos corretores no início da quinta-feira através do sistema de negociação local Siopel. O banco central também informou aos traders que estava aumentando a taxa de recompra passiva de 1 dia para 55%, dos 46,50% anteriores, e a taxa de recompra de 1 dia ativa para 75%, de 65%. A partir de julho, as recompras passivas estabeleceram o piso para a taxa básica do banco central.
Na quarta-feira, o Tesouro da Argentina elevou em 600 pontos base a taxa da nota local de curto prazo que estabelece o teto para a taxa de política monetária. As autoridades querem que as notas do Tesouro ofereçam juros mais altos aos investidores como forma de reduzir a impressão de dinheiro do banco central, uma importante fonte de inflação que deve atingir 90% até o final do ano.