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Para o Ministério da Justiça britânico, é ofensivo usar esse termo
O Serviço Prisional do Reino Unido está orientando os agentes penitenciários a não chamarem mais os presos de “condenados”. O órgão alega que isso é “ofensivo”, informou o jornal britânico Daily Mail, na quarta-feira 10.
O ex-ladrão, atual jornalista premiado e autor do livro The Prisons Handbook, Mark Leech, defende a mudança de tratamento. “Claro que eles não deveriam ser chamados de ‘presidiários‘ – essa é a linguagem de 200 anos atrás”, disse ele. “Hoje, nossas prisões são projetadas para reduzir a reincidência, tratando os presos com decência e respeito — e não os rebaixando e menosprezando, com títulos que não têm lugar num sistema prisional moderno.”
Um porta-voz do Serviço Prisional do Reino Unido disse que o verbo “condenar” é impreciso, “dado que uma grande proporção de prisioneiros está em prisão preventiva antes do julgamento e, portanto, não foi condenado”. Pouco menos de 20% dos 84,8 mil prisioneiros na Inglaterra e no País de Gales estão em prisão preventiva.
Depois que o preso é liberto, não pode mais ser chamado de “ex-presidiário”
Os carcereiros e os demais funcionários públicos do Serviço Prisional do Reino Unido também não podem mais chamar os que ganham liberdade de “ex-presidiários”, segundo edital da instituição. Agora, devem chamá-los de “pessoas com experiência de vida” e “egressos da prisão”. “O edital deixou os funcionários balançando a cabeça, em um momento em que as prisões sofrem com a superlotação recorde e seus colegas estão saindo em massa”, noticiou o Daily Mail.
Um porta-voz do Serviço Prisional declarou que a nova medida de tratamento faz parte de uma “repressão” aos “desvios inapropriados” de suas diretrizes.
Segundo o Daily Mail, o Ministério da Justiça enviou um ofício à Associação dos Agentes Penitenciários e instruiu os profissionais a abandonarem as palavras consideradas ofensivas. “Recebi uma carta dizendo que algumas pessoas acharam a palavra ‘condenar’ ofensiva e que não deveríamos usar esse termo”, disse Mark Fairhurst, da associação. “Mas não há nada de ofensivo nessa linguagem quando você está descrevendo alguém que foi condenado e encarcerado.”
Fairhurst também acrescentou que, quando fala com os prisioneiros, eles mesmos se chamam de “presidiários”. “Então, qual é o problema?”, perguntou ele. “Isso é coisa de babá de verdade”, disse outro funcionário de penitenciárias. “Mais uma vez, bons funcionários públicos estão gastando suas horas de trabalho tentando manipular o idioma inglês para se adequar à uma visão de mundo pessoal, em vez de se concentrar nas coisas que realmente importam. Enquanto eles estão enviando diretrizes sobre ‘pessoas com experiência vivida’, as prisões estão lotadas, os agentes penitenciários estão saindo em massa, e o crime está em um nível recorde.”
Fairhurst disse ainda que criminosos perigosos estão indo “erroneamente” para o regime aberto, em uma tentativa de liberar espaço em prisões de alta segurança. Ao mesmo tempo, as prisões tentam lidar com um número recorde de presos na Inglaterra e no País de Gales.
Revista Oeste