foto: Ilustração
O exército é feito por homens comuns, mas algumas histórias acabam se sobressaindo e chamando a atenção de muitas pessoas. Uma delas é a de Anísio Manoel de Souza, que pode ser considerado o soldado mais velho da nossa força de defesa.
E o que faz dele tão especial e por que ficou ativo por tanto tempo? É exatamente sobre isso que falaremos nas linhas a seguir.
De escravo a defensor da pátria
Anísio Manoel de Souza pode ser considerado o militar mais velho do Exército brasileiro. (Fonte: Foco no Fato/Reprodução)
Anísio nasceu na cidade de São Gabriel, no Rio Grande do Sul. Ele era escravo, mas viu sua vida mudar aos 15 anos, quando decidiu se alistar ao exército de maneira voluntária. Isso aconteceu em 1837, o que já o colocou na linha de frente ao integrar as tropas de Bento Gonçalves durante a Guerra dos Farrapos.
Com a assinatura do Tratado do Poncho Verde (que colocou um fim à Revolução Farroupilha), nosso personagem ganhou sua alforria, mas ainda assim permaneceu no exército e participou de outras batalhas, entre elas a Guerra do Paraguai, que aconteceu de 1864 a 1970.
Pouco se sabe sobre as suas ações exatas nesse confronto, mas há relatos de que ele acabou gravemente ferido durante a batalha de Tuiuti, em 1866. Ele passou um tempo e se recuperando e depois voltou para casa, tendo seus feitos no confronto reconhecidos pelos militares como heroicos – tanto é que, após retornar do confronto, ele foi promovido a cabo, patente carregada por Anísio em todo restante da carreira.
Apesar de não haver confirmações oficiais, especula-se que ele só não evoluiu ainda mais na carreira militar pelo fato de ter nascido escravo.
Permanência na corporação
Ainda que sem perspectiva de promoção ou qualquer outro tipo de reconhecimento, Anísio ainda permaneceu atuando no exército por muitos anos que vieram posteriormente – e coloca “muitos anos” nessa conta, já que ele fez parte da corporação até 1935, quando estava já no alto dos 113 anos.
Algumas pessoas inclusive chegaram a questionar os motivos que faziam com que permanecesse na corporação mesmo com idade tão avançada, sem aproveitar o benefício da idade para descansar. Em sua defesa, era comum dizer que teria bastante tempo para descansar depois, e por conta disso se recusava a assinar a papelada que lhe daria o direito de ficar em uma rede de pernas para o ar.
Anísio permaneceu lúcido até o fim de sua vida (possivelmente relembrando alguns de seus vários momentos nos campos de batalha), falecendo em 1935 enquanto estava sentado em uma cadeira olhando para a porta. A causa de sua morte foi uma parada cardíaca.
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