Foto: Nelson Almeida
Os auxiliares mais próximos de Luiz Inácio Lula da Silva garantem que ele já decidiu nomear seu advogado Cristiano Zanin para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), na vaga aberta com a aposentadoria de Ricardo Lewandowski.
Ainda assim, há dúvidas e muita preocupação sobre a escolha do presidente tanto no entorno do presidente como em outros setores da classe política, especialmente entre parlamentares com problemas na Justiça.
Isso porque o sucessor de Lewandowski, em tese, vai assumir o acervo de cerca de 250 processos deixados pelo magistrado em seu gabinete no Supremo.
Só que alguns deles tiveram atuação direta do próprio Zanin, em defesa de Lula, ou estão “amarrados” a processos do petista. São os “esqueletos da Lava-Jato”, como têm sido chamados esses casos nos bastidores da Suprema Corte.
Há, ainda, uma série de outros políticos que apensam seus processos a ações de Zanin para tentar obter o mesmo benefício conseguido por Lula. E se ele assumir a vaga de Lewandowski, estará automaticamente impedido de relatar ou julgar esses processos – o que pode fazer com que eles caiam nas mãos de ministros mais duros com os políticos em suas sentenças.
Políticos de diversos partidos estão tensos com a possibilidade de a indicação de Zanin levar a uma reviravolta em seus processos, e já fizeram chegar a Lula essa preocupação.
A ação mais importante para a classe política é a da Operação Spoofing, que resultou da revelação das mensagens hackeadas da Vaza-Jato. Nesse caso, Lewandowski trancou três ações penais contra Lula sob a alegação de que o sistema de registro de propinas da Odebrecht não poderia ser usado como prova.
Até agora, já foram 62 pedidos de extensão para beneficiar políticos, muitos dos quais já conseguiram trancar seus processos – Geraldo Alckmin, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), o deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ) e o ex-ministro Paulo Bernardo.
O Globo – Malu Gaspar